PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Um
mandamento novo
Os
textos da liturgia desses domingos dão uma tríplice visão do mesmo ensinamento:
Apresentam um texto de Jesus, sua realização no caminho da formação da Igreja e
a realização definitiva. No 5º domingo da Páscoa, temos o ensinamento no qual
Jesus nos dá um novo mandamento. Esse novo caminho é levado aos povos com a
criação das comunidades e o sentido futuro. O mandamento do amor se realiza
entre nós e abre a visão do novo céu e da nova terra. Passamos para a nova vida
através dos sacramentos: “Fazei passar da Antiga à nova Vida aqueles a quem
concedestes a comunhão nos vossos mistérios” (Oração pós-comunhão). No evangelho lemos que
Jesus, no momento de sua glorificação tanto na morte como na ressurreição,
dá-nos um novo mandamento, o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros. Como
Eu vos amei, deveis amar uns aos outros”. Este é o testemunho maior: “Nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns ao outros” (Jo 13,34-35). O
mandamento do amor não se reduz a um bem querer, um sentimento ou uma vaga
dedicação. Jesus dá o mandamento que resume todos os demais (Mt 22,40). Não se
trata em primeiro lugar de uma lei mas de uma vida, a vida que tem com o Pai.
“O Pai e Eu somos um” (Jo
10,30). A unidade do amor que faz das três Pessoas da Trindade um único
Deus, nos é dado como participação. A novidade não é que haja um mandamento
diferente. Ele é vida que sempre se renova. João diz: o amor jamais acabará (1Cor 10,30). Não é um
mandamento a ser obedecido, mas uma vida que se estabelece.
Amai-vos
uns aos outros como vos amei
O amor é profundamente divino e totalmente humano. Ele se expande em
ações de salvação, isto é, levar outros a viverem o mesmo amor na vida de
comunidade como vemos na evangelização de Paulo e Barnabé. Por isso Jesus diz
que o mandamento é amar como Ele amou: “Como vos amei, assim também vós deveis
amar uns aos outros. Temos visto na Igreja e nas Igrejas que o importante são os
detalhes que não comprometem a vida de entrega amorosa como Jesus realizou. Nem
se fala de pecado contra o amor. Não há um comprometimento vital com o amor.
Por isso perdemos a capacidade de expandir a fé, porque o amor não se expande.
O novo céu e a nova terra são o paraíso total do bem maior que é o Amor. Imaginamos
um paraíso baseado em nossas experiências humanas. É nossa vida terrena que
deve se espelhar no Paraíso de Deus que é feito de misericórdia e piedade, amor,
paciência e compaixão. “O Senhor é muito bom para com todos. Sua ternura abraça
toda a criatura” (Sl
144). Jesus ensina que seu mandamento é amar como Ele amou. Como Jesus amou?
Esvaziou-se, assumiu a condição de escravo, fez-se obediente até a morte e morte
de cruz. Por isso Deus o exaltou (Fl 2.6-11). Esse é o modo de amar.
Nisto conhecerão que sois meus discípulos
Tendo
amor uns pelos outros, poderemos dar um testemunho consistente de Jesus Cristo.
Examinando nossa vida percebemos que falta muito para que o amor nos domine e
seja a razão de nossa vida cristã. Não interessa uma Igreja política e
economicamente poderosa. Interessa que ela cuide do ser humano, seja ele quem
for. Nele está estampando o rosto de
Cristo. Jesus nasceu para todos e a todos salvou. Compete a nós continuar sua
missão sendo tudo para todos, como foi Paulo (1Cor 9,19). Aqui corremos o risco de viver
um cristianismo diferente da fé que Jesus nos transmitiu e ensinou. A oração
pós-comunhão convida a passar da antiga à nova vida. A Ressurreição atua em
nós.
Leituras: Atos 14,21b-27; Salmo 144; Apocalipse
21,1-5;João 13,1-33ª,34-35
1.
Jesus ensina um novo mandamento que não é só um amor de
querer bem, mas viver o amor que é a vida da Trindade Santa. É a vida que Jesus
tem com o Pai e o Espírito. É novo porque sempre se renova.
2.
O amor que é humano e Divino expande-se em ações de
salvação como vemos em Paulo e Barnabé. É o novo céu e a nova terra, não
moldados por nosso ver humano, mas é o paraíso do Amor. Amar como Ele amou,
isto é, se entregou.
3.
Tendo amor uns pelos outros damos um testemunho
consistente. Como Jesus, seremos tudo para todos.
O amor em diversas
formas
O
Tempo Pascal nos traz uma visão sobre a comunidade do Ressuscitado. A fé em
Jesus Ressuscitado reúne os fiéis como fruto da Ressurreição. Os apóstolos
anunciam e os que crêem formam o Corpo de Cristo vivo que é a Igreja. Jesus a
apresenta como seu rebanho que vive o mandamento do amor. Essa comunidade está
unida à Igreja dos redimidos na Jerusalém Celeste.
Essa nova Jerusalém é o novo céu e a
nova terra que nos são apresentados por João Evangelista. Lá todas as coisas
serão renovadas: “Eis que faço novas todas as coisas”. Isso não é só para um
futuro, mas começa na comunidade dos fiéis onde o amor é a lei fundamental.
O amor vivido na comunidade tem um
modelo e uma regra básica: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos
uns aos outros” (Jo
13,34)\. Como Jesus nos deu a vida, assim devemos dar a vida pelos
nossos irmãos.
Esse amor evangeliza. Não adiantam
palavras. É preciso testemunho: “Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Id 35).
Foi assim que fizeram os apóstolos,
de modo particular Paulo e Barnabé, que anunciaram e instituíram comunidades
com dirigentes. Voltaram a Antioquia relataram o que o Senhor fizera por meio
deles e como havia aberto a porta da fé aos pagãos (At 14,21-27).
O anúncio do Evangelho requer um amor que anuncia e é
modo de vida.https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário