quarta-feira, 20 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Que Deus nos dê sua graça e sua bênção”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Filho, nascido de uma mulher
                No início do ano civil, dia 1º de janeiro, celebramos a Solenidade da Mãe de Deus.  Esta festa era celebrada dia 11 de outubro, como Maternidade Divina. Estava ligada à solene proclamação do Concílio de Éfeso (431) sobre a natureza divina de Cristo. Se Cristo é Deus, a Mãe que o gerou na carne, deve ser chamada Mãe de Deus. Não lhe deu a divindade. Jesus, contudo, tem sua humanidade em total união à divindade. Maria, mulher, tem a nossa humanidade. Nessa mulher, o Verbo Eterno, Filho de Deus, assumiu nossa humanidade e se fez nosso irmão. S. Atanásio escreve: “Ele assumiu um corpo semelhante ao nosso. Eis porque Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi dela que o Verbo assumiu, como próprio, aquele corpo que havia de oferecer por nós... O Anjo Gabriel diz: ‘Aquele que nascer de ti’, para se acreditar que o fruto desta concepção procedia realmente de Maria”. É no seio de Maria que nós nos tornamos irmãos de Jesus. Ela é nossa irmã, pois somos filhos de Adão. Temos a mesma carne. Temos a mesma carne de Jesus em Adão. Somos seus irmãos. Por isso Maria é nossa Mãe através de Jesus. Na Cruz, Jesus lembra ao discípulo e a Maria: Eis a tua Mãe, eis o teu filho! Está intimamente unida ao Filho e aos filhos. Ela nos gera também no momento da redenção, pois estamos unidos a Ele, quando nos dá a vida da graça. Tirar Maria da vida cristã é desconhecer Jesus. Rezamos na liturgia: “Ó Deus, que pela Virgindade fecunda de Maria destes à humanidade a salvação eterna, dai-nos contar sempre com sua proteção, pois ela nos trouxe o autor da vida” (coleta). No evangelho contemplamos a cena da visita dos pastores. “Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16). É a beleza da ternura divina. Deus veio para todos, a começar pelos humildes.
Deram-lhe o nome de Jesus
Celebramos também um mistério da vida de Jesus, sua circuncisão: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do Menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido” (Lc 2,21). A circuncisão era a entrada no povo de Deus e a participação na aliança. “A circuncisão para o Israel do Deus fiel é o selo sacrifical, colocado de modo perene na carne, e o seu sangue é assimilado ao sangue do sacrifício da aliança” (T. Frederici). Por ela se pode participar da Páscoa – condição sacerdotal – libertação permanente do povo. Na circuncisão, recebe o nome de Jesus (Jeshua’-Jah), que significa Salvação é o Senhor. É a posse dos pais sobre o menino: Ele pertence à família de Davi, de onde vem o Salvador. Jesus se faz homem, duma raça, de uma família.
Maria meditava em seu coração

            Celebrando o primeiro dia do ano, recebemos a bênção de Deus, como dizemos, filialmente, no colo da Mãe. Deus nos abençoa, nos mostra seu rosto em Jesus que nos é apresentado por Maria. Maria dá um exemplo sobre o modo como acolher todos os mistérios de Deus que ocorrem em nossa vida e todos os fatos de nossa vida que vivemos no mistério de Deus: “Quanto à Maria, guardava todos esses fatos e mediava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19). O coração, ‘morada’ do amor, é moinho que tritura nossos sentimentos e acontecimentos para transformá-los no Pão vivo para o mundo, como foi Jesus.

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