terça-feira, 5 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O Senhor é meu Pastor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Festa de Cristo Rei
            A festa de Cristo Rei, na reforma litúrgica, mudou a impostação de sentido político para o escatológico: Cristo, centro para o qual se encaminha todo o Universo. O termo rei não fica bem, pois foi emprestado dos reinos do mundo, que já mostraram sua falência. Cristo é um rei fora desse baralho. Por isso a sociedade não consegue fazer um jogo vitorioso. Este título de Rei, não é o único de Cristo. Há outros que o identificam também, como o Pastor que Ele mesmo se dá (Jo. 10,11) e Ezequiel descreve: (Ez 34,11-12.15-17). Ele toma conta do rebanho. Tomar conta para Cristo é servir, servir é reinar. “Estou entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27). O domínio de Cristo sobre o mundo se faz pela sua entrega para que todos tenham vida: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Quanto aos donos da terra, teriam que aprender para poderem ser chamados de autoridades, senhores e reis. O mesmo acontece dentro da Igreja onde a autoridade não se baseia no serviço. Jesus dizia: “Entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva” (Mc 10,43). A festa de Cristo Rei é festa de todos os servidores de Deus e de seus pobres, como nos narra o Evangelho. Creio que a mentalidade do Evangelho deve impregnar mais o modo de a Igreja se compor. É monarquia absolutista? É democracia baderneira? Jesus já fez o programa. Atrelar-se a um tipo de instituição é cair com ela. O reinado de Cristo, como rezamos no prefácio da missa, é assim: “Ele, oferecendo-se... realizou a redenção da humanidade. Submetendo a si toda a criatura, entregará um reino eterno e universal: Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça do amor e da paz”.
Em Cristo, todos reviverão.
            Cristo assume seu Reino no alto da Cruz, coroado com os espinhos, com o manto púrpura do seu sangue, com o cetro dos cravos. Cristo é glorificado – e assume o poder em sua ressurreição. Associa a si todos os fiéis, pois ressuscitamos com Ele (Cl 3,1). Ele leva consigo o cativeiro de que nos libertou (Ef 4,8). “Por ele veio a ressurreição dos mortos” (!Cor 15,21). “Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão” (1Co 15,22). O cristão ressuscita em cada gesto de amor. A fé é o dom da vida em Cristo e o amor mantém esta vida. A falta de fé faz ver no irmão um empecilho. Jesus não nos recusa quando damos a mão para o irmão.
O Reino dos misericordiosos

            O Reino futuro se implanta no amor fraterno. Os itens do julgamento coincidem com os problemas do mundo atual: a fome acentuada com a crise de alimento; a sede com o problema da água. A nudez que não é só falta de roupa, mas o problema do uso do corpo como meio de vida; o grave problema das migrações e refugiados. Acolheste-me? Doente? Temos o grave problema da falta de acesso à saúde pública. Preso: prisões superlotadas e sistema presidiário ineficiente para libertar a pessoa. Há também as prisões interiores. Fazer ao irmão é fazer a Cristo; Fazer a Cristo é fazer a nós mesmos, pois estamos unidos a seu Corpo. O irmão é uma graça de Deus que nos abre a porta do Céu e da vida, pois fazemos a nós mesmos, no irmão. A salvação vem pelo próximo. 

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