domingo, 10 de abril de 2016

Homilia do 3º Domingo da Páscoa (10.04.16) “Lançai as redes”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
153 grandes peixes
            Estamos no ciclo das aparições de Jesus depois que ressurgiu dos mortos. Os discípulos voltam a sua vida de antes, à beira do lago, vivendo da pesca. Há um diálogo de Pedro e os companheiros: “Vou pescar”. Os outros logo se animam e dizem: “Também vamos contigo”. Esse evangelho não quer somente narrar uma pesca maravilhosa, mas ir mais longe, narrar o resultado da pregação na força de Jesus. Naquela noite nada pescaram. De madrugada, voltando, vêem um vulto. Não sabem que é Jesus que lhes pergunta se eles têm peixe. Diante da resposta negativa, diz: “Lançai as redes à direita da barca e achareis”. Lançaram a rede e não conseguiam puxá-la devido à quantidade de peixes. O fato de ser lançada à direita, não se refere a uma posição política, mas trata-se da direita de Deus onde está Cristo glorificado. Imediatamente João reconhece Jesus. A fé faz perceber a ação de Jesus na realidade do mundo. O mar profundo é símbolo do mundo. As redes simbolizam a pregação da Palavra de Deus. Elas são lançadas da barca, isto é, da Igreja. Apanharam 153 peixes. Há interpretações sobre esse número. Uns dizem ser o número dos povos conhecidos. Outros opinam que havia esta quantidade de peixes conhecidos. Significa abundância do fruto da pregação nos inícios da Igreja. A pregação não é resultado de uma ação humana, mas da força da Palavra de Jesus. Quem tem fé é capaz de ver aí a ação de Deus. Quando chegaram à praia viram um fogo aceso e peixes em cima. Que podemos entender? Não se trata de uma refeição, mas indica que Jesus é o Senhor da evangelização. É Ele quem transforma os corações pelo fogo do Espírito. É Jesus quem os sustenta. A missão dos apóstolos continua a missão de Jesus. É Ele quem dá o resultado e alimenta.
É preciso obedecer antes a Deus
            Os discípulos, logo após Pentecostes, iniciam com força a pregação testemunhando que Jesus está vivo. Jesus já havia preparado o terreno com sua vida e pregação. Por isso, a semente lançada pelos apóstolos dá um fruto abundante. Por isso são presos e levados a julgamento no templo. A autoridade religiosa do povo judeu proíbe falar em nome de Jesus. A acusação é clara: “Já enchestes Jerusalém com vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem! (At 5,28). Os apóstolos têm uma resposta clara: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (id 29). A consciência de sua missão dá-lhes força para enfrentar e continuar. Pedro aproveita a ocasião para um anúncio fundamental: “O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-O numa cruz...  por seu poder, O exaltou, tornando-O Guia Supremo e Salvador para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos pecados. E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem” (id. 29-32).
O Cordeiro imolado é digno de honra...
            “Deus O constituiu Guia Supremo e Salvador”. A certeza da glorificação que Jesus recebeu de seu Pai é a origem da força que os apóstolos possuem. Jesus para eles, na linguagem do Apocalipse, não era um que estivera com eles. Mas Aquele que está glorificado. Ele é superior a toda força. Por Ele vale sofrer as dificuldades e prisões. Nesse aspecto, podemos falhar em nossa pregação quando não vemos sua direção. Tudo é feito para que Cristo seja reconhecido no seu poder de ressuscitado e glorificado. Não é somente um do passado, mas vive em nosso futuro. O amor domina a relação de Jesus com os seus.
Leituras: Atos 5,27b-32.40b-41; Salmo 29; Apocalipse 5,11-14;João 21,1-19 
1.   A narrativa da pesca milagrosa não quer mostrar a maravilha da abundância de peixes, mas salientar a força da Palavra de Jesus na pregação dos apóstolos. A missão dos apóstolos continua a missão de Jesus. 
2.   O resultado da pregação dos apóstolos acaba por levá-los ao confronto com os chefes do povo e a sua prisão. Foi o momento em que mostraram que devem obedecer a Deus em primeiro lugar. 
3.   A certeza da glorificação que Jesus recebeu de seu Pai é a origem da força que os apóstolos possuem. Continuamos a missão de lançar as redes. O amor domina a relação de Jesus com os seus 
                        Enfrentando a polícia 
            No Tempo Pascal, ouvimos tantas narrativas das experiências dos discípulos com Jesus. O testemunho daqueles homens simples reuniu grandes comunidades. A pregação dava resultados magníficos, como uma pesca milagrosa.
Hoje lemos a narrativa sobre a pesca abundante que os discípulos realizaram a partir da indicação de Jesus. Não tinham conseguido nada, mas, pela palavra de Jesus, a pesca foi abundante.
            Da Glória em que reina, continua dando forças para que os discípulos lancem as redes e possam continuar reunindo o povo de Jesus.
            Pelo fato de testemunharem a Ressurreição são pressionados a se calarem. Pedro, então, responde com clareza: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (At 5,29). Os apóstolos estão diante do tribunal porque acreditaram em Jesus.
Jesus está glorioso junto do Pai. A Ele toda honra, glória e poder. Continua entre os seus e é a fonte desse anúncio. O evangelho de João nos narra um diálogo de Jesus com Pedro no qual insiste sobre a fonte dessa missão e a força do anúncio. O amor sem medida é a medida de Deus. O amor de Pedro é frágil, mas nem por isso perde a garantia de sua missão. 
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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