PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
153
grandes peixes
Estamos no ciclo
das aparições de Jesus depois que ressurgiu dos mortos. Os discípulos voltam a
sua vida de antes, à beira do lago, vivendo da pesca. Há um diálogo de Pedro e
os companheiros: “Vou pescar”. Os outros logo se animam e dizem: “Também vamos
contigo”. Esse evangelho não quer somente narrar uma pesca maravilhosa, mas ir
mais longe, narrar o resultado da pregação na força de Jesus. Naquela noite
nada pescaram. De madrugada, voltando, vêem um vulto. Não sabem que é Jesus que
lhes pergunta se eles têm peixe. Diante da resposta negativa, diz: “Lançai as
redes à direita da barca e achareis”. Lançaram a rede e não conseguiam puxá-la
devido à quantidade de peixes. O fato de ser lançada à direita, não se refere a
uma posição política, mas trata-se da direita de Deus onde está Cristo
glorificado. Imediatamente João reconhece Jesus. A fé faz perceber a ação de
Jesus na realidade do mundo. O mar profundo é símbolo do mundo. As redes
simbolizam a pregação da Palavra de Deus. Elas são lançadas da barca, isto é,
da Igreja. Apanharam 153 peixes. Há interpretações sobre esse número. Uns dizem
ser o número dos povos conhecidos. Outros opinam que havia esta quantidade de
peixes conhecidos. Significa abundância do fruto da pregação nos inícios da
Igreja. A pregação não é resultado de uma ação humana, mas da força da Palavra
de Jesus. Quem tem fé é capaz de ver aí a ação de Deus. Quando chegaram à praia
viram um fogo aceso e peixes em cima. Que podemos entender? Não se trata de uma
refeição, mas indica que Jesus é o Senhor da evangelização. É Ele quem
transforma os corações pelo fogo do Espírito. É Jesus quem os sustenta. A
missão dos apóstolos continua a missão de Jesus. É Ele quem dá o resultado e
alimenta.
É
preciso obedecer antes a Deus
Os discípulos,
logo após Pentecostes, iniciam com força a pregação testemunhando que Jesus
está vivo. Jesus já havia preparado o terreno com sua vida e pregação. Por
isso, a semente lançada pelos apóstolos dá um fruto abundante. Por isso são
presos e levados a julgamento no templo. A autoridade religiosa do povo judeu
proíbe falar em nome de Jesus. A acusação é clara: “Já enchestes Jerusalém com
vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!
(At 5,28). Os
apóstolos têm uma resposta clara: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos
homens” (id 29).
A consciência de sua missão dá-lhes força para enfrentar e continuar. Pedro aproveita
a ocasião para um anúncio fundamental: “O Deus de nossos pais ressuscitou
Jesus, a quem vós matastes, pregando-O numa cruz... por seu poder, O exaltou, tornando-O Guia
Supremo e Salvador para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos
pecados. E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo que Deus concedeu
àqueles que lhe obedecem” (id.
29-32).
O
Cordeiro imolado é digno de honra...
“Deus
O constituiu Guia Supremo e Salvador”. A certeza da glorificação que Jesus
recebeu de seu Pai é a origem da força que os apóstolos possuem. Jesus para
eles, na linguagem do Apocalipse, não era um que estivera com eles. Mas Aquele
que está glorificado. Ele é superior a toda força. Por Ele vale sofrer as
dificuldades e prisões. Nesse aspecto, podemos falhar em nossa pregação quando
não vemos sua direção. Tudo é feito para que Cristo seja reconhecido no seu
poder de ressuscitado e glorificado. Não é somente um do passado, mas vive em
nosso futuro. O amor domina a relação de Jesus com os seus.
Leituras: Atos 5,27b-32.40b-41; Salmo 29;
Apocalipse 5,11-14;João 21,1-19
1.
A narrativa da pesca milagrosa não quer mostrar a
maravilha da abundância de peixes, mas salientar a força da Palavra de Jesus na
pregação dos apóstolos. A missão dos apóstolos continua a missão de Jesus.
2.
O resultado da pregação dos apóstolos acaba por
levá-los ao confronto com os chefes do povo e a sua prisão. Foi o momento em
que mostraram que devem obedecer a Deus em primeiro lugar.
3.
A certeza da glorificação que Jesus recebeu de seu Pai
é a origem da força que os apóstolos possuem. Continuamos a missão de lançar as
redes. O amor domina a relação de Jesus com os seus
Enfrentando
a polícia
No
Tempo Pascal, ouvimos tantas narrativas das experiências dos discípulos com
Jesus. O testemunho daqueles homens simples reuniu grandes comunidades. A
pregação dava resultados magníficos, como uma pesca milagrosa.
Hoje lemos a
narrativa sobre a pesca abundante que os discípulos realizaram a partir da
indicação de Jesus. Não tinham conseguido nada, mas, pela palavra de Jesus, a
pesca foi abundante.
Da
Glória em que reina, continua dando forças para que os discípulos lancem as
redes e possam continuar reunindo o povo de Jesus.
Pelo
fato de testemunharem a Ressurreição são pressionados a se calarem. Pedro,
então, responde com clareza: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (At 5,29). Os
apóstolos estão diante do tribunal porque acreditaram em Jesus.
Jesus está glorioso junto do Pai. A Ele toda honra, glória e poder. Continua entre os seus e é a fonte desse anúncio. O evangelho de João nos narra um diálogo de Jesus com Pedro no qual insiste sobre a fonte dessa missão e a força do anúncio. O amor sem medida é a medida de Deus. O amor de Pedro é frágil, mas nem por isso perde a garantia de sua missão.
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