PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Amai-vos
uns aos outros
No tempo pascal fazemos a leitura do
discurso de Jesus na ceia no qual Ele deu os últimos ensinamentos e os
sintetizou de tal modo que pode dizer: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos
uns aos outros” (Jo 13,34). A grande novidade é que o mandamento estava unido a
sua pessoa, porque Ele mesmo é a expressão do amor de Deus. Ele será sempre uma
eterna novidade. NEle age o Espírito Santo. Assim também a Igreja se prepara
para receber esse Dom vindo do Céu. Esse mandamento provém da unidade do Pai e
do Filho, unidade gerada pelo Espírito. Por isso diz que os discípulos podem
receber esse dom, mas o mundo não. Esse dom é o amor recíproco, amor de dileção
e de amizade. É amar de modo desinteressado, amar porque tenho direito de amar,
não porque o outro mereça ou não. Esse modo de amar é motivado pela própria
natureza divina, como nos diz o livro do Levítico: “Sede santos porque eu sou
santo (Lev 19,2). Essa é a grande novidade de Jesus. Esse mandamento é a
renovação do universo. João escreve no Apocalipse: “Eis que faço novas todas as
coisas” (Ap 21,5). “Esse é o novo céu e a nova terra” (21,1). Essa é a cidade
santa, que desce do céu vestida qual esposa enfeitada para o seu marido (2).
Essa é a morada de Deus entre os homens (3). Essa é o fim da morte, de todo
luto e choro (4). A grande novidade de Jesus renova a universo. Por ela os
apóstolos enfrentaram tudo pelo anúncio do Reino. Lucas escreve a exortação de
Paulo em Atos: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no
Reino de Deus” (At 14,22). A grande novidade é Vida e Vida que se anuncia. A
pregação do mandamento do amor é a certeza que os discípulos possuem de que ele
é capaz de mudar o mundo e “fazer novas todas as coisas’
Como
eu vos amei
O amor de Cristo é o tema central da
salvação no Novo Testamento. A própria vida de Jesus, como nos escreve João,
foi amor: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo
13,1). Fez tudo por amor deles. O amor até o fim, foi o máximo que é a Cruz. Deus,
que é amor, enviou seu Filho por amor. Mas o amor do Senhor tem uma finalidade
certa: “Que os discípulos se amem reciprocamente” (Jo 13,34). Quando se diz que
Jesus deixou um testamento, não se diz que deixou um punhado de palavras
bonitas a serem recordadas. Mas deixou seu modo de vida, aquilo que constituía
sua vida no mundo, deixou para que eles continuassem vivendo. Se os discípulos
falharem nesse escopo de missão, falha a missão de Jesus na humanidade. É mais
fácil fazer uma religião de devoções, orações etc...que deixar-se penetrar pelo
amor de Jesus que supera todo o entendimento (Ef 3,19).
Nisto
conhecerão que sois meus discípulos
Esse
é o sinal de reconhecimento, a identidade dos discípulos. Nisso serão
conhecidos como seguidores de Jesus, se se amarem mutuamente. Até o fim do
mundo, os discípulos devem ouvir as palavras dos pagãos: “Vede como se amam!”.
Não temos outro sinal de identificação. Que se apresentem sempre como
comunidade de amor, primeiramente interno e, a seguir, um amor que se expande
como missão no mundo. Assim se realiza o grande projeto do Pai ao enviar seu
Filho ao mundo. No momento pascal que vivemos, sabemos que Páscoa é amor. E,
por esse amor, renovam-se todas as coisas, acontece um novo céu e uma nova
terra. A esposa celeste, a Jerusalém que desce para que se realize o grande
matrimônio de Jesus com seu povo amoroso.
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