PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Gloriosa
a rainha
A
Igreja celebra a Assunção de Maria ao Céu para ser um grande sinal. Esta festa
é oportunidade para a celebração de tantos nomes de Maria. Nenhum nome esgota
sua grandeza, mas todo nome carrega a simplicidade daquela que foi escolhida
como Mãe do Filho de Deus. Isabel foi a primeira a chamá-la de Mãe de meu
Senhor (nome dado a Deus – Kýrios). Maria reconhece a grandeza do dom: “Todas
as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). Contudo, considera sua condição de
ser sempre servidora humilde. Ela sente que tudo foi por obra da pura
misericórdia de Deus. Essa misericórdia se estende de geração em geração. A
festa da Assunção não celebra só a grandeza de uma rainha, pois ela é Mãe de
Jesus, Rei do Universo, mas também a grandeza que está reservada a toda
humanidade, como rezamos no prefácio: “Aurora e esplendor da Igreja triunfante ela
é consolo e esperança para o povo ainda em caminho”. Ela é a primeira redimida
que, gloriosa, dá esperança a todo povo que caminha na alegria da fé. A
Assunção de Maria é como o resultado do grande dom de ser Imaculada por ter
sido concebida sem pecado e vivido sem pecado. Como tinha o Céu dentro de si,
era justo que partilhasse da gloriosa Ascensão do Filho. Não havia necessidade
de esperar o fim dos tempos para participar da ressurreição de todos, pois já
estava ressuscitada em sua concepção. Ela realiza a promessa de Jesus: “Quem
crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6,40).
Esperança da Humanidade
O
Espírito colocou em seu seio o Filho do Deus Bendito, Jesus, semente da nova
humanidade. Redimida pelo sacrifício da Cruz e pela vitória da Ressurreição, o
povo de Deus vê nela a realização das promessas. A Humanidade tem esperança pois
as portas do Céu estão abertas para todos. Ela é também modelo da caridade
humilde. Sobe apressadamente as montanhas da Judéia para ajudar sua prima
Isabel. Podemos entender que Isabel representa o Antigo Testamento que gestou a
vinda de Cristo. Maria, como parte do povo da antiga aliança corre ao encontro
para ajudá-lo a acolher o Messias que ela traz no ventre. O Filho dá o Espírito
a João que é o último profeta que veio para preparar para o Senhor um povo
perfeito (Oração da
missa de S. João Batista). A caridade de Maria se desenvolve no cuidado
da jovem Igreja que nasce em Pentecostes. Ela gerou os filhos da Redenção ao pé
da Cruz e os gera para o novo povo em Pentecostes. Amar Maria não é uma devoção
é uma conseqüência da fé em Jesus que se fez carne em seu seio. É reconhecer
que Deus quis habitar entre nós para nos dar sua vida, recebendo nossa vida de
Maria que O gerou, por obra do Espírito. O Espírito pode gerar Cristo em nós e
já o fez, pois já esteve em Maria em sua
geração carnal.
O
dragão perseguiu a Mulher
Pedimos
na oração da missa: “Dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de
participarmos de sua glória”. Mas a glória tem o preço da cruz. A mulher foi
perseguida pelo dragão que queria devorar seu filho assim que nascesse (Ap 12,4). Essa mulher
é imagem da Igreja perseguida porque tem como Senhor o Filho da Virgem Maria. O
dragão do mal continua a perseguir o Filho. Não podendo contra Cristo, persegue
a Igreja porque está gerando Cristo ao mundo. Mas a certeza que temos é que o
Senhor Jesus vai “destruir todo o principado e todo poder e força... até que
ponha todos os inimigos debaixo de seus pés” (1Cor 15,24-25). A Igreja é perseguida nesse
momento da história. É sinal da vitória que terá.
Leituras: Apocalipse 11,19ª;121.3-6ª.10ab; Salmo 44; 1Coríntios
15,20-17ª; Lucas 1,39-56
1. Celebramos a Assunção com os muitos nomes com
que chamamos Maria. Isabel a chama de a Mãe de meu Senhor, isto é, Deus. Maria
aceita a gloria, pois é dom de Deus e escolhe ser servidora. Ela vê tudo na
misericórdia. Sua grandeza está reservada a toda humanidade. A Assunção é
resultado de ser Imaculada, pois já tinha dentro
de si o Paraíso.
2. O
Espírito colocou em seu seio o Filho de Deus, semente da nova humanidade que vê
nela a realização das promessas. Maria garante que as portas do Céu estão
abertas para todos. Sua caridade para com Isabel simboliza Maria que ajuda o
Antigo Testamento a acolher o Filho de Deus. Maria está presente na gestação do
novo povo de Deus, gerado em Pentecostes. A devoção é uma conseqüência da fé em
Jesus.
3. Pedimos
para viver atentos às coisas do alto a fim de participar da glória. Esta tem o
preço da cruz. A mulher é perseguida pelo dragão que quer devorar o Filho. É a
imagem da Igreja hoje perseguida. Mas tem a certeza que o Senhor dominará o
mal.
Mulher
a ser amada
Amar
Maria, a Nossa Senhora de tantos nomes, é imitar a Deus que a escolheu porque a
amou; que a preservou de todo mal, porque a amou; que a elevou ao Céu porque a
amou. Amar pelo amor que tem a seu dileto Filho que ela gerou como mãe.
Maria elevada ao Céu é o fruto
bendito da ressurreição. Ela foi redimida de todo mal, antes mesmo que Jesus tivesse
vindo ao mundo, em previsão aos méritos da Paixão e Ressurreição de Jesus, pois
a redenção é para todos os tempos.
Maria deve ser amada porque é
companheira nossa, faz parte de nosso povo e, de nossa parte, serve a Deus com
totalidade. Deve ser amada porque foi a primeira redimida a estar no Céu de
corpo e alma. Em sua carne glorificada está nossa carne. Ir para Céu é uma
possibilidade para todos.
Maria, que recebeu toda graça de
Deus, é humilde e reconhece que foi Deus que lhe fez maravilhas. Mas não deixou
de ser gente do povo, cumprindo seus deveres. Por ser mãe do Filho de Deus, não
se enche de orgulho. Na humildade vai servir sua prima Isabel no momento
difícil de um parto na velhice.
Ela é a rainha do Céu e da terra por
ser a servidora de todos, como foi Jesus. Levando Jesus em seu seio dá a João o
Espírito Santo para a missão de preparar os caminhos de seu Filho. E dá-nos
participar desta graça, colocando-nos em caminho para servir. Por isso: Ave
Maria, cheia de Graça.
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