PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Palavra dura de escutar
A opção por Cristo não um peso, mas uma libertação.
É uma escolha que exige deixar os muitos deuses. Josué continua na disposição
de servir o Senhor. Ao escolher Jesus, os discípulos são desafiados a um novo
modo de vida a partir de Jesus. Isso exige fé e entrega. No ensinamento sobre o
Pão da Vida, muitos dos discípulos que O escutaram disseram: “Esta Palavra é
dura! Quem pode escutá-la?” O sentido dessa palavra (dabar), em hebraico,
significa duro de compreender e de escutar. É dura porque envolve ver e
praticar. Era abominável para o judeu beber sangue e comer a carne de alguém. Em
segundo, como aceitar que um homem como nós se põe como Deus? Vemos na prática
que os cristãos mantêm a recusa dessas palavras duras e não se aproximam da
Eucaristia. Pior, é tomar a Eucaristia sem perceber sua intensidade espiritual
e a conseqüência humana. Se eles se escandalizaram com o discurso do Pão da
Vida, mais ainda se escandalizarão quando Jesus subir ao Céu. Como um homem
pode ir ao Céu glorificado? Jesus responde
a esses questionamentos apresentando que o que se refere a Deus, somente se
entende a partir do Espírito Santo. Afirma: “O Espírito é que dá vida, a carne
não adianta nada” (Jo
6,63). Somente o Espírito pode fazer-nos compreender que a Eucaristia,
pão e vinho consagrados, são o Corpo e Sangue do Senhor Jesus em seu Mistério
Pascal de vida, morte e ressurreição. Por isso Jesus ensina: “As palavras que digo
são espírito e vida” (63).
Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai (65). Até entre os
discípulos mais próximos, os apóstolos, há os que não acreditavam apesar de
tudo o que Jesus demonstrara.
Tu és o Santo de Deus
Ao ver que muitos se afastavam
Dele, pergunta aos discípulos: “Vós também não quereis ir embora?” (67). Em nome de todos
Pedro responde: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna. Nós
cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69). É a entrega
de fé. É a resposta a todo o mistério da Eucaristia. Assim foram também as
palavras de Josué: “Nós serviremos ao Senhor porque Ele é nosso Deus” (Js 24,18b) Nós imploramos para dar a mesma resposta: “Dai
ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na
instabilidade deste mundo fixemos nossos corações onde se encontram as
verdadeiras alegrias” (Oração).
Deus não obriga a servi-Lo como diz Josué: “Se vos parece mal servir ao Senhor,
escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram
na Mesopotâmia ou aos deuses dos amorreus?” (Js 24,15). Nosso Deus faz hoje a mesma pergunta
não impondo, mas propondo um caminho. Atualmente vemos que muitos se afastam de
Jesus como os discípulos e preferem se entregar a ideologias e aos muitos
deuses que a sociedade fabrica.
Fruto da Eucaristia no amor
Reconhecemos que a Eucaristia tem uma força
transformante: “Fazei agir em nós o sacramento do vosso amor, e transformai-nos
de tal modo pela vossa graça que em tudo possamos agradar-Vos” (Pós comunhão). Não basta receber a Eucaristia. É
preciso coerência. Sem isso ela perde o sentido. Não basta por a santa Hóstia
na boca, é preciso guardá-la no coração. Paulo, na Carta aos Efésios, orienta a
vida dos casais para viver no amor como Cristo Se doa à Igreja e dela recebe a
entrega total. Família nasce da Eucaristia, pois não há amor matrimonial que
não seja continuação do amor de Cristo. Como Cristo é um com a Igreja, o casal
é unidade espiritual e carnal. São espelho do amor de Deus.
Leituras: Josué 24,1-2ª.15-18.18b; Salmo 33;
Efésios 5,21-32;- João 6,60-69
1.
A opção por Cristo não é um peso, mas libertar. É uma
escolha que exige deixar os ídolos. Diante
das palavras de Jesus que dizem ser duras, alguns se afastam porque não podem
compreender e escutar. Beber o sangue e comer a carne não era possível para
eles. Muitos cristãos acham duras essas palavras e se afastam. Quem vai dar
condições de entender é o Espírito dado pelo Pai.
2.
Ao ver que se afastavam Dele, pergunta aos discípulos: “Vós
não também não quereis ir?” Pedro responde: “A quem iremos? Só Tu tens palavras
de Vida eterna”. Josué disse: “Nós serviremos o Senhor. Nós pedimos a
fidelidade”. Deus não impõe, propõe. Não podemos seguir os deuses que a
sociedade fabrica.
3.
Reconhecemos que a Eucaristia tem uma força
transformante. Não basta recebê-la é preciso coerência. Paulo orienta os casais
para viver no amor como Cristo que se doa à Igreja e a Igreja que se entrega. A
família nasce da Eucaristia, pois não há amor que não seja continuação de
Cristo.
Prego na parede
Depois das palavras de Jesus sobre o Pão da Vida, os discípulos começaram
a murmurar e disseram que suas palavras eram duras de escutar e compreender.
Isso vale dizer obedecer e praticar. Duro vai ser compreender sua subida para o
Pai. Aqui entendemos a tentação permanente de negar que Jesus seja Deus e seja
a fonte de Vida. Nós vemos essa incompreensão quando percebemos o desinteresse
pela participação e recepção dos sacramentos, especialmente a Eucaristia.
Para escutar e compreender é preciso renascer do Espírito Santo. Disse
Jesus: “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada” (Jo 6,63). Jesus diz
que alguns não creem. Isso continua existindo. É preciso estar firme na fé e
acolher a proposta de Jesus. Isso é como um prego na parede, bem firme.
Pedro dá uma bela resposta em nosso nome, quando Jesus lhes pergunta
se eles também não queriam ir embora, sem fé: “A quem iremos, Senhor, só Tu
tens palavras de vida eterna. Nós cremos e reconhecemos que Tu és o Santo de
Deus!” (Jo 6,68-69).
Ainda fica ali a rejeição de um dos escolhidos. É um mistério. O que constituirá a
Igreja, mesmo a doméstica, é a fé que se traduz numa vida de caridade e amor.
Esse amor une e torna possível a salvação. No Antigo Testamento Josué mostra
seu apego ao Senhor, como uma escolha pessoal e firme no Senhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário