Evangelho segundo S. João 1,45-51.
Naquele
tempo, Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos Aquele de quem está
escrito na Lei de Moisés e nos Profetas. É Jesus de Nazaré, filho de
José». Disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?». Filipe
respondeu-lhe: «Vem ver». Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e
disse: «Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento». Perguntou-lhe Natanael: «De onde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes
que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira». Disse-lhe Natanael: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel!». Jesus respondeu: «Porque te disse: ‘Eu vi-te debaixo da figueira’,
acreditas. Verás coisas maiores do que estas». E acrescentou: «Em verdade,
em verdade vos digo: Vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do homem».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Audiência geral de 04/10/2006 (©
Libreria Editrice Vaticana; rev)
Natanael-Bartolomeu reconhece o Messias, Filho de
Deus
O evangelista João refere-nos que, quando
Jesus vê Natanael aproximar-se, exclama: «Aí vem um verdadeiro Israelita, em
quem não há fingimento» (Jo 1,47). Trata-se de um elogio que recorda o texto de
um Salmo: «Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de iniquidade e em cujo
espírito não há engano» (Sl 32,2), mas que suscita a curiosidade de Natanael, o
qual responde com admiração: «Donde me conheces?» (Jo 1,48). A resposta de Jesus
não é imediatamente compreensível. Ele diz: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te
quando estavas debaixo da figueira!» (Jo 1,48). Não sabemos o que aconteceu
debaixo desta figueira, mas é evidente que se trata de um momento decisivo na
vida de Natanael. Ele sente-se comovido com estas palavras de Jesus, sente-se
compreendido e compreende: este homem sabe tudo de mim, Ele sabe e conhece o
caminho da vida, a este homem posso realmente confiar-me. E assim responde com
uma confissão de fé límpida e bela, dizendo: «Rabi, Tu és o filho de Deus, Tu és
o Rei de Israel!» (Jo 1,49).
Nela é dado um primeiro e importante
passo no percurso de adesão a Jesus. As palavras de Natanael sublinham um
aspecto duplo e complementar da identidade de Jesus: Ele é reconhecido, quer na
sua relação especial com Deus Pai, do qual é Filho Unigénito, quer na relação
com o povo de Israel, do qual é proclamado rei, qualificação própria do Messias
esperado. Nunca devemos perder de vista nenhuma destas duas componentes; porque,
se proclamarmos apenas a dimensão celeste de
Jesus, corremos o risco de O transformar num ser sublime e evanescente, e
se, ao contrário, reconhecermos apenas a sua situação concreta na história,
acabamos por negligenciar a dimensão divina que propriamente O qualifica.
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