sexta-feira, 14 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Eis que faço novas todas as coisas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Amai-vos uns aos outros
            No tempo pascal fazemos a leitura do discurso de Jesus na ceia no qual Ele deu os últimos ensinamentos e os sintetizou de tal modo que pode dizer: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34). A grande novidade é que o mandamento estava unido a sua pessoa, porque Ele mesmo é a expressão do amor de Deus. Ele será sempre uma eterna novidade. NEle age o Espírito Santo. Assim também a Igreja se prepara para receber esse Dom vindo do Céu. Esse mandamento provém da unidade do Pai e do Filho, unidade gerada pelo Espírito. Por isso diz que os discípulos podem receber esse dom, mas o mundo não. Esse dom é o amor recíproco, amor de dileção e de amizade. É amar de modo desinteressado, amar porque tenho direito de amar, não porque o outro mereça ou não. Esse modo de amar é motivado pela própria natureza divina, como nos diz o livro do Levítico: “Sede santos porque eu sou santo (Lev 19,2). Essa é a grande novidade de Jesus. Esse mandamento é a renovação do universo. João escreve no Apocalipse: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). “Esse é o novo céu e a nova terra” (21,1). Essa é a cidade santa, que desce do céu vestida qual esposa enfeitada para o seu marido (2). Essa é a morada de Deus entre os homens (3). Essa é o fim da morte, de todo luto e choro (4). A grande novidade de Jesus renova a universo. Por ela os apóstolos enfrentaram tudo pelo anúncio do Reino. Lucas escreve a exortação de Paulo em Atos: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (At 14,22). A grande novidade é Vida e Vida que se anuncia. A pregação do mandamento do amor é a certeza que os discípulos possuem de que ele é capaz de mudar o mundo e “fazer novas todas as coisas’
Como eu vos amei
            O amor de Cristo é o tema central da salvação no Novo Testamento. A própria vida de Jesus, como nos escreve João, foi amor: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Fez tudo por amor deles. O amor até o fim, foi o máximo que é a Cruz. Deus, que é amor, enviou seu Filho por amor. Mas o amor do Senhor tem uma finalidade certa: “Que os discípulos se amem reciprocamente” (Jo 13,34). Quando se diz que Jesus deixou um testamento, não se diz que deixou um punhado de palavras bonitas a serem recordadas. Mas deixou seu modo de vida, aquilo que constituía sua vida no mundo, deixou para que eles continuassem vivendo. Se os discípulos falharem nesse escopo de missão, falha a missão de Jesus na humanidade. É mais fácil fazer uma religião de devoções, orações etc...que deixar-se penetrar pelo amor de Jesus que supera todo o entendimento (Ef 3,19).
Nisto conhecerão que sois meus discípulos
            Esse é o sinal de reconhecimento, a identidade dos discípulos. Nisso serão conhecidos como seguidores de Jesus, se se amarem mutuamente. Até o fim do mundo, os discípulos devem ouvir as palavras dos pagãos: “Vede como se amam!”. Não temos outro sinal de identificação. Que se apresentem sempre como comunidade de amor, primeiramente interno e, a seguir, um amor que se expande como missão no mundo. Assim se realiza o grande projeto do Pai ao enviar seu Filho ao mundo. No momento pascal que vivemos, sabemos que Páscoa é amor. E, por esse amor, renovam-se todas as coisas, acontece um novo céu e uma nova terra. A esposa celeste, a Jerusalém que desce para que se realize o grande matrimônio de Jesus com seu povo amoroso.

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