Estamos chegando ao final do ano. A
liturgia reflete a temática escatológica, isto é, os últimos acontecimentos do
mundo. É o gênero bíblico chamado apocalipse. Não pode ser lido como se lêem os
outros trechos da Bíblia. Esse gênero era usado no tempo de Jesus, como vemos
nos evangelistas e no Apocalipse de S. João. A linguagem parece cifrada, para
nós, mas para então, era de fácil compreensão. É uma teologia da história: ler
os acontecimentos a partir de Deus. A tribulação, que Marcos escreve, está
ligada também à perseguição dos cristãos. Esperamos o futuro e estamos vigilantes
no momento presente para que a fé não desfaleça. Os discípulos devem manter
firme a certeza em Jesus que “virá sobre as nuvens”, apesar da tribulação, dos
acontecimentos naturais do mundo e das perturbações dos povos. Ouvimos os Anjos
dizerem na Ascensão: “Ele virá do mesmo modo que para o céu o vistes partir”
(At 1,11). Não podemos desligar os acontecimentos finais de sua significação
maior que é realização do Reino de Deus no mundo agora. É preciso ler os sinais
dos tempos e neles ver a presença de Deus, Senhor da história. Deus fala de
muitos modos.
Ele
reunirá os eleitos
Quando falamos de vinda de Cristo,
juízo universal, fins dos tempos, ficamos preocupados com a condenação. Ao
contrário! Devíamos nos alegrar porque é o tempo de receber a recompensa. O fim
para os que crêem, os eleitos, é o momento de ir ao encontro do Senhor, pois
“serão reunidos dos quatro cantos da terra” (Mc 13,27). Sua vinda poderá ser
terrificante para os que não estiverem vigilantes praticando a caridade. Virá e
nos levará consigo para estar com Ele. Diz Jesus: “Pai, aqueles que me destes,
quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo” (Jo 17,24). É o momento
de receber a recompensa: “Vinde benditos de meu Pai, receber o prêmio que vos
está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25,34). São palavras garantidas:
“O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mc 13,31).
Ensinando
o caminho das virtudes
O profeta Daniel nos ilumina quanto
ao tempo da espera do grande dia: “Os que tiverem sido sábios, brilharão como o
firmamento. E os que tiverem ensinado a muitos o caminho da virtude, brilharão
como as estrelas por toda eternidade” (Dn 12,3). A espera exige que se tomem
atitudes que inscrevam as pessoas no livro da vida através da sabedoria e do
ensinamento. Evangelizar os outros é salvar-se e fazer do tempo da espera, tempo
de implantar o Reino que virá. É um convite à missão de anúncio do Senhor
Jesus.
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