Refletimos
no domingo passado sobre a vinda de Cristo que é preparada pela estupenda pessoa
de João Batista, o Precursor. Ele “é a voz que grita no deserto: preparai o
caminho do Senhor” (Lc 3,4). Nós o veremos mais vezes durante o Advento. João
não é uma figura inventada. Entra como um personagem real. Lucas mostra os homens
do tempo: Tibério César no 15º ano de seu reinado. Enumera Herodes, Pôncio
Pilatos e outros naquele momento. João é um profeta como os antigos. Já havia
tempo que não aparecia profeta. Agora “a
Palavra de Deus foi dirigida a João, no deserto” (2). É Deus que fala por meio dele.
Ele é a realização da profecia de Isaias sobre a vinda do Senhor. Ele é da
classe sacerdotal, mas não o exerce seu sacerdócio no templo no templo, mas no
deserto, fora das estruturas viciadas. Deserto é uma palavra forte, pois lembra
a história de Israel que se consolida como povo no deserto. Ali João prepara o
caminho para a vinda do Senhor. Ali Jesus faz seu jejum de 40 dias. João prega
o batismo de conversão para a vinda do Senhor. A preparação deve ser feita
dentro do coração pela conversão. Essa vinda do Senhor é motivo de alegria para
todo o povo, como vão anunciar os anjos aos pastores no Natal (Lc 2,10). Baruc (5,1-9)
escreve sobre alegria da restauração de Jerusalém. A palavra de João anuncia
“que todas as pessoas verão a salvação de Deus” (6). Seu discurso é atual. A
salvação é para todos os povos. A restauração deve partir do coração. Por isso
a pregação deve ser consistente e levar à mudança como veremos no seguimento do
evangelho no 3º domingo. Todos o procuravam. João é um exemplo de fidelidade à
missão de anunciar com coerência de vida.
Levar
à perfeição a obra iniciada
Neste
domingo estamos diante da renovação. Baruc, seguindo Jeremias, anuncia a
alegria que a cidade santa vai ter ao ver sua restauração. Os filhos deportados
virão de longe. Deus mesmo, nesse segundo êxodo, prepara-lhes um caminho no
deserto. O salmo 125 canta: “Maravilhas fez conosco o Senhor! Quando o Senhor
reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar”. Foram chorando e voltam
cantando. Deus está sempre do lado de seu povo curando suas feridas. A
conversão proclamada por João, continuada por Jesus é um caminho que nos leva a
essa perfeição. A grande proclamação da salvação não é um discurso vazio. A
Palavra de Deus é consistente e cheia de vida, pois ela se identifica com Ele. As
nações esperam a salvação. E elas a verão. Vemos um mundo que desconhece Deus e
sua Palavra. Mas o Reino é como a semente: tem uma força interior irresistível.
A nós Paulo consola: “Aquele que começou em vós uma boa obra há de levá-a à
perfeição até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1,6). Não perdemos nossa vida buscando
Deus e sua Palavra.
Vosso
amor cresça sempre mais
Paulo,
na carta aos Filipenses, indica o caminho para aplainarem-se as estradas para achegada
de Deus: “Que vosso amor cresça sempre mais em todo o conhecimento e
experiência, para discernirdes o que é melhor. Assim ficareis puros e sem
defeito para o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus
Cristo” (Fl 1,9-11). Esse amor é fruto da misericórdia que Deus teve sempre para
com o povo de Israel. Como é tão misericordioso, nada mais quer, senão que o
sejamos também nós. A preparação para o Natal, a vinda de Cristo na carne,
celebrada todos os anos, deve nos animar a ouvir João e abrandar nosso coração
por uma conversão consistente a Cristo e seu Reino de amor.
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