Pensamos
que evangelização e instrução ao povo só podem ser dadas por professores
instruídos. É necessário aprofundamento. Por isso temos as escolas de teologia
nos mais altos níveis, para servir o povo. Há também um modo simples de
transmitir as verdades da fé que se chama piedade popular. Devemos distinguir
piedade popular de superstição. O Papa Francisco foi um homem muito ligado ao
povo, por isso entende bem o que o povo pensa e como o povo pensa. A religião
se tornou intelectualizada e o povo acabou por criar um modo próprio de se
expressar a partir da fé. Um dos pontos de partida é que a pessoa vive a fé por
inteiro e não só intelectualmente. Ela tem um corpo que tem cinco sentidos e
tantas riquezas mais que se unem na mesma expressão. Não dispensa o
intelectual, mas prioriza a pessoa como um todo. É por isso que muitos não
entendem a linguagem usada na Igreja. Não basta também estar repetindo textos
bíblicos, pois a Palavra é viva e eficaz (Hb 4,12). Os povos assumiram o Evangelho em
sua cultura. Não muda a Palavra, mas muda o modo de expressar. Infelizmente
houve um desprezo das culturas locais como não aptas para viver a fé. O povo é
criador de sua cultura (EG
122). Ao transmitir a cultura, o fazem com a fé de um modo sempre novo.
A religiosidade popular é a expressão missionária espontânea do povo de Deus. Houve
um tempo de grande desprezo pelo popular. Foi uma má interpretação do Concílio.
Podemos ver como seitas estranhas à cultura brasileira mataram o coração
piedoso de nosso povo a chegando até a ódios e destruição da cultura. Mesmo pessoas
da Igreja, em determinadas regiões, acabaram com a piedade popular e deixaram o
povo no vazio, ou introduziram piedades estranhas ao nosso povo. E desprezam o
que é do povo.
1589.
Espiritualidade popular
A espiritualidade é sempre fruto
do Espírito Santo. Sendo assim, a piedade popular é uma espiritualidade guiada
por Ele. Os bispos na Conferência de Aparecida reconhecem que é uma verdadeira
espiritualidade, encarnada na cultura dos simples (DA 263). Essa piedade é missionária, pois
penetra as camadas populares numa linguagem que conhecem e em atitudes que
levam a viver o Evangelho. Vemos como crescem atualmente os santuários.
Infelizmente muitas tradições locais desaparecem pela invasão dos meios de comunicação
que pervertem o povo. Vemos a devoção aos santos, as peregrinações, as tradições
regionais. Quando vemos uma folia de reis ou uma bandeira do Divino etc...
sabemos que rezam, instruem e criam a vida da comunidade. Pude ver há poucos
dias toda a comunidade, desde adultos a crianças, fazendo os tapetes para a
procissão de Corpus Christi. A devoção une a comunidade. É o Espírito Santo que
anima essa atitude.
1590.
Evangelizar a piedade.
“As expressões da piedade popular
nos ensinam e, para quem as interpretam, são um lugar teológico a que devemos
prestar atenção na hora de pensar a nova evangelização”, diz o Papa (EG 126). Essa
pregação informal chega onde não podemos ir. O diálogo das pessoas que estão
sempre dispostas a levar Jesus Cristo através da partilha da vida. Evangelizar
a piedade popular é, em primeiro lugar, mostrar seus valores e a ação do
Espírito. A seguir mostrar o que é desvio que pode chegar à superstição, que
não tem a ver com o evangelho nem com o ser humano. A catequese sempre necessária
a todo o povo de adulto a criança deve ser uma preocupação da comunidade. A
inculturação do evangelho deve assumir formas concretas na cultura do povo.
Esse não é um assunto querido.
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