Ao celebrarmos a festa de N. S. Aparecida, somos chamados a contemplar
Maria no mistério de Cristo e, ao mesmo tempo, a vida do povo ao qual foi dada
como Mãe e Rainha. Nós contemplamos Maria na vida e na missão de Cristo. Deus,
em Cristo, quis salvar toda a humanidade. Salvar significa, em primeiro lugar,
comunicar sua vida para que a vivamos em nossa condição humana. Deus preparou a
vinda do Filho durante todos os séculos de nossa história. O último toque nessa
pintura foi criar aquela que O iria gerar. O prefácio da missa assim reza: “A
fim de preparar para vosso Filho mãe que fosse digna dele, preservastes a
Virgem Maria da mancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude de
vossa graça [...] Puríssima na verdade devia ser a Virgem que nos daria o
Salvador”. O Filho Eterno, saindo do seio do Pai, encontra outro seio capaz de
gerá-lo para ser o resplendor de sua glória (Hb 1,15). Em Maria, síntese de
todo o criado, Deus contemplou toda sua obra e “viu que tudo era muito bom” (Gn
1,31). Maria, unida a seu Filho, é luz refletida da beleza de Deus. Cada
criatura é também uma centelha dessa beleza. Na vida de Maria contemplamos
também a vida de nosso povo. Ela é a realização mais perfeita dos redimidos.
Deus se encanta também com seu povo. Cada pessoa, pois, mesmo vítima do pecado
que desfigura a imagem de Deus, é restaurada pelo germe divino que ali faz
morada. Celebrar Nossa Senhora é celebrar o povo de Deus em caminho para um
novo céu e uma nova terra, vida nova aberta a todos.
A
terra veio em socorro da mulher
Maria
entrou na história da humanidade para ser canal da amorosa misericórdia de
Deus. É misericórdia sob a forma de mulher. Fazendo parte do povo de Deus, livre
de toda a mancha do pecado, Ela não é uma exceção, mas a certeza que Deus nos
dá de realizar-se, em nós também, a mesma redenção. Ela, reflexo da beleza de
Deus, é também imagem da Igreja, de todo o povo necessitado. A Igreja, unida a
Cristo, sofre os padecimentos da perseguição. A misericórdia de Deus, através
de tantos meios, vem sempre em socorro de seu povo, de todos os que buscam a
verdade e a justiça. Deus o faz através de seu Filho, que assumiu nossa
natureza humana. Redimida por essa misericórdia, Maria estende-a a todo o povo.
Ela é a mãe da misericórdia. Vem em socorro de seu povo. Sendo “modelo e
advogada nossa, intervém constantemente em favor de seu povo” (Prefácio). Ela é
a intercessão misericordiosa. A doce ternura de Deus, estampada no rosto de N. S.
Aparecida, é caminho aberto à redenção. Maria, nas bodas de Caná, mostra sua solicitude
junto a seu Filho. Quer o vinho novo para a vida de seu povo.
O
povo de Deus necessitado de redenção
A oração da festa pede a
Deus que “conceda ao povo brasileiro, fiel a sua vocação e vivendo na paz e na
justiça, chegar à pátria definitiva”. Maria estimula o povo à justiça e à paz.
Estas se conquistam, como reza a oração pós-comunhão, “irmanando-se nas tarefas
de cada dia para a construção do vosso Reino”. O povo necessitado de redenção
necessita de uma Ester que se arrisque pelo seu povo. A Igreja tem essa missão
de comparecer “diante do leão” (Est 4,17r), na confiança e fortaleza da fé. O
povo necessitado de redenção necessita da intercessão de Maria., ama-a com um
amor bonito. Mas a devoção a N. S. Aparecida supõe que, com Ela, sejamos
redentores do povo sofrido. Sem isso seria vazia e pouco agradável à Mãe
solícita por seus filhos. Seus olhares pousam sobre nós.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário