PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Todos são santos”
O direito de ser feliz
A
celebração da festa de Todos os Santos vem nos alertar para um sentido mais
importante da vida cristã: a santidade. Deus é santo e sua santidade não tem
limites. Mas quis que todos participassem de sua natureza. Por isso nos chama
de filhos e nos coloca em comunhão com Ele. Estamos assim em caminhada
constante para ir onde está nossa fonte e fim. A Ele nos dirigimos a saudação
que fazemos em todas as missas: “Santo, Santo, Santo!”. Na Escritura aprendemos
que Deus é inacessível, incompreensível e perfeitíssimo. Justamente por ser o maior e ter em si todo o
bem, quis dar-nos participação nessa vida de felicidade total. É o direito que
nos dá de sermos felizes. É o que Jesus diz como inauguração de seu ministério
e síntese de todo seu ensinamento. A felicidade que o Pai nos oferece gera em
nossa vida aquilo que Jesus vivia: Era feliz porque aberto para Deus, isto é,
pobre de espírito; Queria ser total para o Pai, preocupado como que é Dele, por
isso chora de ver o mundo longe Dele. Mas é bondoso em toda circunstância. É
pacífico como Jesus e disso faz sua pátria. Jesus era faminto e sedento da
sabedoria que buscava no Pai. Justiça é a santidade do Pai. A misericórdia é o
nome do Pai que se dá o nome de ternura e bondade, quando aparece a Moisés (Ex 34,6-7). Jesus é
pureza de coração porque vê com os olhos do Pai. Pureza é amar. É com esses
olhos que vemos a Deus e construímos a paz. Como vive como o Pai, com Jesus,
vamos seguí-lo também na perseguição. Não servirei, disse Satanás a Deus. Jesus
se põe a serviço. É o caminho.
Direito
de filhos
A felicidade do discípulo brota do
conhecimento de sua condição de filho. Querendo chegar ao máximo de nossa entrega
em Jesus, recebemos a condição de filhos. Não é só um título, mas uma verdade.
Nós o somos de fato. Esse é o fundamento de toda a santidade. E continua são
João dizendo que “nem sequer se manifestou o que seremos. Sabemos que, quando
Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele
é” (1Jo 3, 2). O
direito de filhos é esta semelhança vai muito além de simples traços de
família. É uma participação a partir da comunhão que se estabeleceu entre nós e
Jesus que nos associou a si. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus
no sentido “do mesmo sangue e da mesma vida”, como de uma família. Na criação nova,
que é a redenção, participamos também da vida do Filho que nos uniu a si, como
participantes de sua natureza divina. Assim nos ensina Pedro em sua carta (2Pd 1,4). Por isso o
veremos tal como Ele é (1Jo
1,2). Crer em Jesus gera em nós um processo de purificação. Ele é nosso
eterno Redentor sempre a nos purificar.
Pastoral
da santidade
Temos muitas pastorais que sempre são bem
assumidas e dão bons frutos. Temos movimentos e irmandades. O que se sente é
que a espiritualidade, a vida em Cristo sob a ação do Espírito Santo, acaba por
não penetrar a vida e as atividades da comunidade. Desse modo essas atividades
acabam por não ter um ponto de apoio e consistência. Não são feitos no Senhor.
Não são ruins nem ineficientes. Poderiam ser santificadores também. A santidade
é ponto de partida e não de chegada. A divinização que nos é dada a participar
deverá penetrar as atividades de modo que façam crescer em nós e entre nós a
comunhão do Corpo de Cristo. Digamos que é o batismo em ação, sustentado pelos
outros sacramentos e pela unção permanente do Espírito. Sem isso a pastoral não
resulta bem.
Leituras: Apocalipse,
7,2-4.9-14; Salmo 23; 1 João 3,1-3;Mateus 5,1-12a
1. Santidade
é participar da natureza de Deus.
2. A
felicidade do discípulo brota do conhecimento de sua condição de filho
3. A
pastoral necessita da espiritualidade para chegar a maior ação.
Santo de carteirinha
Maravilha
ver a família de Deus reunida em volta de sua mesa de Pai. Sentar-se à sua mesa
é um direito de filho. Gente de todo canto e de todo tipo. O semblante de todos
tem os mesmos traços do rosto do Pai. Lavaram-se no sangue do Cordeiro que é
Jesus. Salvos por Ele. São todos santos.
Santidade se constrói durante a
vida. São poucas as exigências para adquirir essa santidade: basta ser feliz.
Essa felicidade se constrói na simplicidade, na paz, na humildade, na ternura,
na preocupação para com os outros, na misericórdia e na constância quando
encontrar gente que pensa diferente.
Quando dizemos que todos são
chamados à santidade, dizemos que somos chamados primeiro a viver bem com os
outros. Isso é santidade. Tão fácil.
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