Evangelho segundo São Mateus 9,9-13.
Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu Jesus.
Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos.
Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?».
Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes.
Ide aprender o que significa: "Prefiro a misericórdia ao sacrifício". Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores».
Tradução litúrgica da Bíblia
Fundador de mosteiro em Marselha
Sobre a castidade, cap XII-XIII; SC 54
Que prodígio, ver publicanos
transformados em apóstolos!
Grande, maravilhosa e profundamente desconhecida dos homens – a não ser daqueles que a experimentam – é a generosidade de Deus, a sua inefável liberalidade com os seus fiéis, mesmo enquanto habitam este vaso de corrupção. Quem poderá deixar de se maravilhar com as obras de Deus e de exclamar do fundo do coração: «Eu sei que o Senhor é grande» (Sl 134,5), quando passa, ou vê outros passarem, da avareza extrema à liberalidade, da prodigalidade à vida de abstinência, da soberba à humildade? São estas, de facto, as maravilhas divinas que a alma do profeta e daqueles que se lhe assemelham descobre com espanto numa contemplação cheia de milagres.
Com efeito, poderá haver maior prodígio do que ver, num breve momento, publicanos gananciosos tornarem-se apóstolos, perseguidores ferozes transformarem-se em pregadores do Evangelho, prontos a tudo suportar e propagando a fé que perseguiam à custa do seu sangue? São estas as obras divinas que o Filho testemunha que realiza todos os dias, em união com seu Pai: «Meu Pai até agora trabalha, e Eu também trabalho» (Jo 5,17). Tais são as obras de Deus, que o bem-aventurado David canta no Espírito: «Bendito seja o Senhor, que é Deus, o Deus de Israel, Ele é o único a realizar maravilhas» (Sl 71,18). É delas que fala o profeta Amós: «Ele fez todas as coisas e as muda; transforma a sombra da morte em manhã» (Am 5,8 LXX). «Estas são as mudanças que produziu a mão direita do Altíssimo» (Sl 76,11 Vg), em relação às quais o profeta reza ao Senhor: «Confirma, ó Deus, o que fizeste em nós» (Sl 67,29 Vg).
Sim, é este o grande milagre de Deus, que um homem de carne tenha rejeitado todas as inclinações carnais, que no meio de tantas circunstâncias diferentes, de tantos ataques contra ele, tenha mantido a sua alma no mesmo estado de espírito e permanecido inamovível no meio do fluxo incessante dos acontecimentos.
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