João, em seu Evangelho, ao proclamar a Encarnação do Verbo Eterno, o Filho de Deus, diz que Ele armou sua tenda entre a nossas. Tenda significa a presença de Deus em nossa condição humana. Ao dizer que se fez carne, explica se tornou o que somos. Dizendo que Jesus armou sua tenda no meio das nossas, não podemos imaginar que, com o passar do tempo se torne uma tapera abandonada que, de um momento para o outro, caia. A sociedade quer isso. Mas Ele supera os tempos. No momento da encarnação no seio de Maria Ele assumiu totalmente a condição humana. Esse mistério de Deus não pode ser trocado por nada. Não é concorrência com outras entidades ditas espirituais. Deus se fez homem. Rezamos na profissão de fé: “Creio em Jesus Cristo seu único Filho nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu Virgem Maria; Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia; subiu ao céu; está sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos” (profissão de fé apostólica). Cremos em uma pessoa concreta que vive desde toda eternidade e se fez homem. Tem uma história entre nós e retorna ao Pai com todo poder e glória. É uma fé inegociável. É Deus conosco, para nós e em nós. Quando deixamos de crer na humanidade de Cristo, com todas as consequências, fazendo uma religião só espiritual que não entra na realidade humana. Quando pensamos só o humano, perdemos a dimensão de vida eterna e dimensão divina que nos foi dada pela Encarnação. Ele foi tão humano que, os que não O receberam, recusaram-No até dar-lhe a morte.
Mistério que é caminho
O Mistério da Encarnação não é só uma história bonita do passado como um Natal tão terno, uma vida miraculosa e uma morte dolorosa. Ele permanece no meio de nós. Esta verdade é um caminho de redenção e um modo de ser Igreja. Este mistério tem que penetrar toda a realidade do mundo A grande tentação da Igreja é afastar-se da Encarnação. Afastando-se perde sua capacidade de transformar o mundo. Ideologia espiritual não salva. Em sua condição humana Ele nos ensina a fazer a vontade do Pai. É nesta vontade que se fez nosso Redentor. Fazer a vontade do Pai é querer que todos se salvem. A Igreja deve se encarnar no mundo como Jesus se encarnou.. “pois Ele mesmo foi provado em tudo com nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15). Ele humilhou-se. Por que a sociedade tem medo e Jesus? Porque Ele requer de nós a humildade de ser gente, o que não nos agrada.
Na carne da Mãe
Jesus se encarnou no seio de uma mulher, como todas as mulheres. Você, mulher e mãe, pode entender Maria, vendo a si mesma. Dela Ele tomou tudo o que um filho recebe da mãe ao ser concebido e gerado. Conhecendo Jesus, podemos conhecer sua mãe. Muitos dos traços de Jesus, mesmo espirituais, assumiu de Maria. Nós preferimos uma Maria toda maravilhosa e belíssima, como contemplamos nos quadros, nas imagens nas devoções. E nos esquecemos daquela mulher do povo, curtida na vida dura da gente simples, do trabalho, do sol forte, das fraquezas a vida. Se a vida do povo é dura nos dias de hoje, imaginemos há 2000 anos. Não podemos desligar Maria da humanidade do Filho, como Ele foi humano. Ele assumiu nossa condição para os colocar em comunhão com Deus e nos tornamos, por assim dizer, divinos. Maria traz no seio a divindade que é o Homem Deus, seu Filho. Assim podemos, celebrando a Encarnação, celebrar a Mãe que O concebeu.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2011
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