Evangelho segundo São Marcos 13,33-37.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento.
Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse.
Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha;
não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir.
O que vos digo a vós, digo-o a todos: vigiai».
Tradução litúrgica da Bíblia
Presbítero de Antioquia,
bispo de Constantinopla,
doutor da Igreja
Homilia sobre o Salmo 49
As duas vindas de Cristo
Aquando da sua primeira vinda, Deus veio sem brilho, desconhecido da maioria, prolongando durante longos anos o mistério da sua vida oculta. Quando desceu do monte da Transfiguração, Jesus pediu aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Cristo. Vinha como pastor à procura da ovelha perdida e, para recuperar esse animal rebelde, tinha de permanecer oculto. Tal como um médico que tenta não assustar o seu doente na primeira consulta, também o Salvador evitou dar-Se a conhecer logo no início da sua missão, só o fazendo pouco a pouco.
O profeta tinha predito esta vinda sem brilho nestes termos: «Descerá como a chuva sobre um velo e como a água que corre gota a gota sobre a terra» (Sl 71,6). Ele não rasgou o firmamento para vir sobre as nuvens, mas veio em silêncio, permanecendo nove meses oculto no seio de uma Virgem. Nasceu num presépio, como filho de um humilde operário. Andou dum lado para o outro como um homem normal; as suas vestes eram simples, a sua mesa frugal. Caminhava sem parar, a ponto de ficar cansado.
Mas a segunda vinda não será assim. Ele virá com tanto brilho que nem terá de anunciar a sua chegada: «Como o relâmpago que parte do Ocidente e aparece no Oriente, assim será a vinda do Filho do homem» (Mt 24,27). Este será o tempo do julgamento e da sentença, em que o Senhor não aparecerá como médico, mas como juiz. David, o rei-profeta, fala de um esplendor, de um brilho e de um fogo irradiando em todas as direções: «Um fogo caminhará diante dele e à sua volta rugirá violenta tempestade» (Sl 49,3). Todas estas comparações pretendem fazer-nos compreender a soberania de Deus, a luz intensa que O rodeia e a sua natureza inacessível.
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