sábado, 28 de novembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
A Palavra do Evangelho
continua a nos esclarecer onde está a vida cristã coerente. Viver intensamente a vida de Cristo, como nos chamou a atenção S. Paulo, é um dom, mas é também um empenho pessoal exigente. Se por um lado temos necessidade de coerência conosco mesmos, temos por outro lado entender as coerências de Deus. 
No evangelho deste XXVI domingo temos a parábola dos dois filhos. O pai dá ordens aos filhos de ir trabalhar na vinha. Um diz que não vai e vai. Outro diz que vai e não vai. Qual dos dois fez a vontade do Pai? Pergunta Jesus. O primeiro! Respondem os fariseus. Jesus conclui que os pecadores ouviram a palavra de Deus e acreditaram. E os grandes e “bons”, no caso os fariseus e chefes espirituais do povo, conhecendo a Palavra de Deus não se arrependeram para crer. O que vale não é a fachada exterior de religião, ou de bela figura, mas a coerência de vida com o que se crê. Deus vê o coração. Deus quer nossa coerência com sua vontade. O que Jesus quer não são palavras, mas atos, como na parábola dos dois filhos (Mateus 21,28-32). Os chefes do povo sabiam muito, mas não foram capazes de tomar uma atitude de conversão. Os pecadores e prostitutas acreditaram, tomaram atitudes de conversão e viveram. 
Muitas vezes temos a ousadia de condenar, criticar ou reclamar do procedimento de Deus e fazer-lhe as perguntas: por que Deus fez isso? Lemos em Ezequiel na primeira leitura que o justo que se desvia se perde. O ímpio que se converte, vive. A coerência de Deus é assim: Vê o coração e a coerência do homem em sua decisão por Deus. Tenho muito receio da vida de muitos cristãos que conheceram o caminho, viveram o caminho e, depois se extraviaram por motivos meramente humanos de prazer ou conveniência. Correm risco de se perderem, pois quem conheceu o caminho e dele se afasta, corre sério perigo. 
Paulo, na carta aos Filipenses diz que o modo de Jesus viver tem que se o nosso; seus sentimentos devem ser os nossos. Para entender o modo de Deus julgar e orientar só será entendido quando fazemos o mesmo caminho que Jesus fez: Estava junto do Pai, renunciou tudo e se fez homem, e mais, servo sofredor. Humilhou-se até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou e o constituiu Senhor. Esta atitude se inicia pelo arrependimento que leva à vida (Ez 18,28). Jesus, coerente com seu pensamento de ser o Redentor de todo homem, passa pela humilhação e chega à máxima condição fragilizada do homem: ser escravo. A vontade de Deus não é nosso sofrimento, mas nosso serviço humilde e desinteressado para estar próximo de cada necessitado, como Cristo próximo de nós. Essa foi a causa de sua ressurreição, e também a causa da nossa ressurreição. A palavra de Deus é luz em nosso caminho. Somente por ela podemos conhecer os sentimentos de Jesus. 
(Leituras: Ezequiel 18,25-28; Filipenses 2,1-1; Mateus 21,28-32)
Homilia do 26º Domingo do Tempo Comum
Em outubro de 2002

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