sexta-feira, 27 de novembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Bíblia e Tradição”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
O mês da Bíblia chega ao fim.
Tivemos algumas criatividades que ajudaram a aumentar nosso amor pela Palavra de Deus. Pode ser que nos tornemos leitores mais freqüentes do Texto Sagrado. Assim, a revelação de Deus entra mais profundamente em nosso coração. Jesus mandou aos apóstolos que pregarem o evangelho a todos os povos como fonte de toda a verdade de salvação. Nós acolhemos este presente de Jesus com alegria! 
Segundo o ensinamento do “Catecismo da Igreja Católica” (nº 75-100) “a transmissão do Evangelho fez-se de duas maneiras: oralmente - pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições, transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e obras de Cristo, ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo; Por escrito: por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação” (Catecismo 76). A transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição. Ela é mais antiga que o texto do Novo Testamento. Bíblia e Tradição estão intimamente unidas. Uma não nega a outra, mas completam o único Evangelho de Jesus, pregado pelos apóstolos e conservado no tesouro da Tradição e da Bíblia. Tradição não quer dizer tradicionalismo, coisas antigas como rezas, missa em latim, devoções antigas. Isso são tradições. Tradição é a transmissão da fé desde Jesus até hoje. Paulo, ensinando como era a Eucaristia, diz que recebeu pela Tradição, diz: “o que recebi, transmiti a vós”(1 Cor 11,23). 
A Bíblia não é a única regra de nossa fé, como o para os crentes. Ela é a fonte, junto com a Tradição, da qual dependem outras regras que orientam nossa fé. Na Igreja, desde o início, a comunidade só tinha o Antigo Testamento. Mas já vivia a fé confirmada oralmente pelos “ensinamentos dos apóstolos”(At 2,42). Pelos anos 50 começaram a ser escritos os textos do Novo Testamento. Com a morte de S. João pelo ano 120, encerra-se o período de formação do Novo Testamento. Neste meio tempo, os apóstolos ou outros cristãos foram ensinando e colocando por escrito o ensinamento em que a comunidade acreditava a respeito de Jesus. Esta fé vivida e explicada continha os elementos fundamentais do ensinamento de Jesus. A Tradição continua viva aprofundando a fé, ensinando o povo a rezar com verdade, esclarecendo o que Jesus ensinou e fundamentando a fé do povo de Deus. Por exemplo: o dogma da Assunção de Maria não está na Bíblia, mas na Tradição. Mas fundamenta-se na Bíblia. A magistério da Igreja, a liturgia, os santos padres escritores e a fé do povo de Deus garantem a Tradição. 
Jesus não escreveu nada que tenha sido conservado. Ele só escreveu na areia, e já fez os mestres da lei sairem correndo. Imagine se tivesse escrito um livro...Não sobrava um por perto! O que Ele viveu e ensinou foi recolhido e transmitido através da palavra ou dos escritos. Assim temos a Tradição e a Bíblia.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM SETEMBRO DE 2002

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