quinta-feira, 19 de novembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Seduzistes-me Senhor e eu me deixei seduzir”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Tocamos neste domingo
, o profundo de nossa relação com Cristo no seu seguimento. A proposta é ousada: deixar-se seduzir. Não somente ser seduzido, mas concordar com a sedução, com a posse e com o domínio. Este sedução é um fogo que penetra os ossos e se torna irresistível. É uma situação que conhecemos bastante. Quando vemos certos casos, não entendemos. Paixão é paixão, dizemos. A Paixão cega, enlouquece. É isto que o profeta Jeremias quer expressar. A liturgia deste dia quer ser um caso de amor que termina na sedução: ser seduzido por Cristo através de seu contato pessoal conosco. Este caso se completa em nosso sim a esta sedução. 
Esta sedução tem um jogo que funciona sempre. É o jogo da perda: é perdendo que se ganha. Em Jesus tudo parece acontecer ao contrário. Jesus anuncia sua paixão. Pedro não entendeu o jogo e quis afastá-lo de seu caminho. Jesus mostrando-o, indica qual é o caminho do discípulo. Segui-lo significa renunciar a si mesmo, quer dizer, escolher em primeiro lugar a pessoa de Jesus (está aí a sedução: deixar tudo por um desejo). Mas à diferença da sedução amorosa que cega, esta sedução e esta escolha levam a perceber e ver o valor de todos as coisas temporais. Com elas podemos ganhar o mundo, mas perder a vida eterna, aquela que permanece. Se quisermos viver totalmente nossa paixão, temos que nos perder totalmente. 
Depois que somos escolhidos e correspondemos a esta sedução, tudo se torna secundário, lixo, diz S. Paulo. O profeta reclama que sofre por causa de Deus e de seu ministério profético que só lhe dá problemas. Decide-se abandonar tudo, mas o fogo de Deus que tem dentro de si, não o permite. Certamente que será duro para nós renunciar por Cristo, perder pela vida eterna e tomar a cruz cada dia. Parece ser difícil. Mas não o é tanto, pois tantos outros o fizeram. A liberdade e a felicidade que dá, não tem preço nem troca. 
No mundo atual, são tantas as belas sugestões, que gritam dia e noite as felicidades que a sedução produz. Contudo são efêmeras e passam. Amanhã fica o amargor. Podemos constatar isso em tantos de nossos irmãos. Somente esta sedução por Deus é que vai garantir um seguimento de Cristo que valha. Para que seja coerente nosso seguimento de Cristo, não podemos partir de nós, temos que partir dEle. Por isso vai dizer a Pedro: “afasta-te de mim Satanás, pois não pensas as coisas de Deus, mas dos homens”. São Paulo afirma que não podemos nos conformar com a maneira de pensar deste mundo. 
Como primeiro domingo do mês da bíblia podemos sugerir uma leitura mais apaixonante da Palavra. Senhor, Vós me seduzistes. Quando nos voltamos para Ele, mesmo que seja em uma migalha de bem-querer, Cristo vem a nós com uma montanha de amor. A Palavra de Deus pode ser esta porta. 
Leituras: Jeremias 20,7-9; 
Romanos, 12,1-2; Mateus, 16,21-27.
Homilia do 22º Domingo do Tempo Comum
Em setembro de 2002

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