PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Ir ao encontro de Jesus”
Produzi
frutos
O Advento, tão caro e precioso, nos traz João Batista que apresenta
Jesus ao mundo. Não se pode separar Jesus de João Batista que vem preparar seus
caminhos. Essa preparação se dá com a conversão de vida. João não admite a
falsa religião. Ensina que Jesus é Aquele que vem com o Espírito Santo e o
fogo. Reconhece a missão de Jesus. Não podemos pensar sua missão como um recado.
Ele tem uma vocação Divina. Tem personalidade espiritual e profética. Está
associado “Àquele que vem”. João tem zelo pelo que é de Deus. Sabe defender a
lei. Prega uma conversão que seja uma verdadeira mudança de mente. É o sentido
original da palavra conversão. Não basta só a mudança. É preciso produzir
frutos bons (Mt 3,10).
Celebrar o Advento é entrar em clima de vigilância para participar dos
mistérios de Cristo: “O próprio Senhor nos dá a alegria de entrarmos agora no
mistério do seu Natal para que sua chegada nos encontre vigilantes na oração e
celebrando seus louvores” (Prefácio). Para isso,
pedimos que “nenhuma atividade
terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas instruídos pela
vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida” (Oração). A celebração não é somente
uma comemoração, mas um aprofundamento da vida. Para ir ao encontro de Jesus no
fim dos tempos e no Natal é exigido de nós o empenho em assumir essas verdades
como um modo de vida. A conversão é o primeiro momento da preparação para
espera do Senhor que vem no fim dos tempos e no Natal.
Conversão
universal
O
Advento tem também como meta a conversão universal como segundo momento da
preparação para a Vinda do Senhor. Isaias profetiza que a raiz de Jessé, isto
é, o herdeiro do trono de Davi (Jessé é o pai de Isaí e avô de Davi), será
cheio do Espírito do Senhor. Terá o Espírito de sabedoria e discernimento,
conselho e fortaleza, ciência e temor de Deus. Ele exercerá a justiça para os
pobres (Is 11,1ss).
A seguir profetiza uma mudança no relacionamento entre espécies selvagens
diferentes e mesmo com as crianças. Esse será o sinal de uma conversão profunda
no mundo. Teremos um mundo de paz na busca de Cristo. Essa conversão se realiza
a partir de nossas escolhas fundamentais que reforçamos com os sacramentos para
bem julgar os valores terrenos: “Pela
participação na eucaristia, nos ensineis a julgar com sabedoria os valores
terrenos e colocar nossa esperança nos bens eternos” (Pós-Comunhão). Não basta só esperar. É
preciso mudar os valores e saber ver o Reino de Deus entre nós acontecendo
também através das atitudes coerentes de conversão que atinge também as
estruturas da sociais. Fugir do mundo é ceder espaço para o mal.
Acolhei-vos
como Cristo
São
Paulo nos oferece o terceiro momento muito concreto: “Deus vos dê a graça da
harmonia e da concórdia uns com os outros. Por isso, acolhei-vos uns aos outros,
como Cristo vos acolheu” (Rm
15,5). Toda mudança tem que começar no coração voltado para o outro. O
acolhimento gera nos cristãos um só coração e uma só voz (6). A conversão
conduzirá sempre mais para o próximo. Jesus não pregou uma vida espiritual
desencarnada. Sempre encarnado, quis que sua Igreja fosse encarnada. Esse modo
de viver não nos leva a perder o valor da atividade terrena. “e aprendamos a
julgar com sabedoria os valores terrenos colocando nossas esperanças nos bens
eternos” (Pós-comunhão).
Uma espiritualidade intimista não vem nem de João Batista, nem de Jesus nem de
São Paulo.
Leituras: Isaias 11,1-10;Sal o 71; Romanos
15,4-9;Mateus 3,1-12
1.
A pregação de João é para a conversão em preparação
para “Aquele que vem”. Conversão exige frutos. Que nada nos impeça de ir ao
encontro do Senhor. É o primeiro modo de
conversão
2.
Isaias propõe uma conversão universal que envolva a
própria natureza.
3.
Paulo ensina que a conversão se dá no coração e no
acolhimento do outro.
O
homem fera
Quando vemos uma pessoa forte e
marcante com sua atividade, dizemos que “o homem é uma fera”. João Batista
tinha esse tipo. Além do mais, era um homem provado pelo deserto. Vestia roupa
feita de pelo de camelo e com um cinturão de couro. Seu alimento era gafanhoto
e mel silvestre. Tinha tudo de um profeta. E não havia profetas já uns 400
anos. O povo entendeu que era o homem de
Deus do momento.
João prega a conversão e ataca os falsos
piedosos. E anuncia a chegada próxima de Jesus.
Temos três modos de conversão
proposto pela Palavra de Deus nesse domingo:
“Produzi frutos que provem vossa
conversão”. O risco de uma árvore que não produz fruto é ser cortada. João pede
consistência e não grãos chochos. Isaias
proclama um modo de conversão universal: simbolicamente fala da convivência
pacífica na qual os animais ferozes convivem entre si e com os humanos. Será a
restauração universal proveniente de Cristo, raiz de Jessé (significa da
família de Davi).
São Paulo nos apresenta a terceira
modalidade. E muito concreta: “Deus vos dê a graça da harmonia e concórdia uns
com os outros. Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo vos acolheu”.
Diante do anúncio de conversão e preparação para um
mundo novo, sabemos que isso se realiza em primeiro lugar dentro de nosso
coração: “Nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro de vosso
Filho, mas instruídos por vossa sabedoria, participemos da plenitude da vida” (Coleta)...
“e aprendamos a julgar com sabedoria os valores terrenos colocando nossas
esperanças nos bens eternos” (Pós-comunhão).
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