quarta-feira, 6 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Paciência! Paciência!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Paciência para ser dono de si
Mais uma virtude! Esta virtude da paciência nos faz mais humanos. Já refletimos sobre diversas delas. O arco-íris de nossa vida é muito bonito. É um caleidoscópio que, a cada momento, faz-nos diferentes sendo os mesmos. É rico conhecer as preciosidades que temos. As virtudes, que chamamos de humanas, são necessárias para termos uma espiritualidade consistente e coerente. É impossível crescer na espiritualidade se não cuidarmos do humano que somos. A paciência é uma virtude muito humana, pois está no mais íntimo. A paciência é a capacidade de sermos donos nós mesmos nas circunstâncias difíceis, sejam as pessoais, sejam aquelas que nos colocam em relacionamento com os outros. “Paciência no sofrimento é uma componente insubstituível do seguimento de Cristo e da plena maturidade humana até ao último sim, pronunciado ante a morte. A verdadeira paciência, aquele que provém da conformidade com a vontade de Deus, é uma força salvadora que não se deve menosprezar. Ela nos inunda de paz interior e desperta a nossas melhores energias” (Pe. Häring). O primeiro aspecto da virtude da paciência é sua união com a vontade de Deus. Não que Deus nos controle e nos trate como robôs. Unir-se à vontade de Deus é procurar viver bem, em qualquer circunstância. Ela equilibra nossos sentimentos e ações. “É um sim sereno à aprendizagem do sofrimento, um sim que, ao mesmo tempo, é capaz de reunir e mobilizar as nossas forças” (Pe. Häring). A paciência provém da uniformidade com a vontade de Deus, isto é, pensar com Deus. Isto não nos faz menores, mas muito grandes, pois podemos dizer que Deus pensa como nós, quando pensamos como Ele. Jesus vivia unido a esta vontade: “Assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço” (Jo, 14,31), porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo, 14,31). Esse Deus bondoso é paciente conosco. Pela história do povo podemos perceber a bondosa paciência que durou séculos. Sabe esperar e tem paciência com nossa fragilidade. Gosta de jogar conosco como perdedor, para ser o ganhador final, ganhar a nós mesmo.
Paciência com os outros
A paciência de Deus é a escola onde aprendemos a paciência com os outros. Queremos que Deus nos agüente e não agüentamos os outros. A parábola do patrão que perdoa uma dívida grande a um devedor que depois não perdoa um colega que lhe devia um nada (Mt 18, 23-33) é um ensinamento.  A impaciência para com os outros decorre da exigência que fazemos que os outros sejam como somos. O problema pode estar em nós e não no outro. Vejamos quanto queremos que os jovens e as crianças sejam adultos como somos, não entendendo seu tempo de crescimento. No processo educativo, procuramos mais domesticar do que fazer com que cresça cada um a seu modo. O processo de repressão não é paciente. Santo Agostinho ensina: “Ver muito, observar pouco e chamar a atenção do mínimo”. Melhor rir do leite derramado do que quebrar o que está em volta.
Paciência consigo mesmo

Necessitamos da paciência no relacionamento conosco mesmos. Quanto devemos esperar que possamos crescer! Não querer arrancar todos os defeitos de uma vez. É preciso paciência na luta contra eles. Não querer ser perfeito já! O que é preciso é a calma na busca da perfeição. Não é condescendência com o­­ egoísmo. Muitas neuroses que temos, depressões, podem muito bem ser fruto de nossa impaciência para conosco mesmos. Muitas vezes é o orgulho que não se permite errar. É preciso paciência na doença para acolher a prescrição médica. É preciso aceitar a condição da fragilidade do corpo. Paciência!

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