A celebração da Páscoa do Senhor. Sua vida, missão,
morte e ressurreição estão unidas a toda a história do povo de Deus. As
maravilhas que Deus fez para seu povo, como a criação, a escolha dos
patriarcas, o êxodo do Egito, a terra prometida, os profetas e reis tornam-se
presentes nesse momento como a grande profecia que se realiza. Deus está sempre
prometendo uma novidade. “Eis que vou fazer coisas novas” diz o Senhor pela
boca de Isaias (Is 43,19). O livro do Apocalipse também profetiza: “Eis que faço
novas todas as coisas” (Ap 21,5). A novidade fundamental é Jesus Cristo que,
com seu amor se entrega e é causa de nossa alegria. Esse domingo vê já perto a
Páscoa. O salmo 125 canta: “Maravilhas fez conosco o Senhor. Exultemos de
alegria!”. Com a morte de Cristo e sua ressurreição, podemos esquecer as coisas
antigas. Deus abre uma estrada no deserto do mundo para a libertação de todos
os males. Ele restaura o coração humano quando, convocado a dar sua opinião
sobre o apedrejamento da adúltera, ele não condena, mas restaura: “Vai e não
peques mais”. Ninguém está sem pecado a ponto de ter direito de atirar a
primeira pedra. A grande novidade é que os pecados não fazem história em nosso
coração. São escritos na areia e o vento da misericórdia apaga. Jesus assumindo
sobre si nossos males, nos libertou deles. Jesus realizará em nós a nova vida.
Força
da Ressurreição
O amor de Cristo torna-se nossa estrada (oração): “Dai-nos
caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à
morte no seu amor pelo mundo”. Por esse amor, como diz Paulo, podemos abandonar
tudo e tudo considerar lixo. Depois de conhecer a Cristo, Paulo se desprende de
tudo e perde tudo. “Considero tudo como lixo para ganhar a Cristo e ser
encontrado unido a Ele” (Fl 3,8). A justiça de Deus que tem base na fé consiste
em conhecer a Cristo, experimentar a força de sua ressurreição, ficar em
comunhão com os seus sofrimentos, tornando-se semelhante a Ele em sua morte (Fl
3,10). A Ressurreição é ao mesmo tempo um motor que impulsiona, e uma meta que
atrai. Paulo não se interessa pelo que conquistou, mas lança-se para frente
para a meta, que Deus o chama a receber em Cristo Jesus. A
grande novidade de Jesus é o acolhimento de todos com amor. Por isso tudo mais é
lixo, mesmo as severas leis que dominavam.
Mulher,
ninguém te condenou?
Cena magnífica no templo: trazem uma
mulher surpreendida em
adultério. Quem a traz? Quem sabe os adúlteros da fé, aqueles
que adulteraram a lei de Deus e pregam como donos da lei. Jesus os conhecia e
bem. Pedem que Jesus emita um juízo sobre algo que já estava definido na lei: a
adúltera deve morrer apedrejada. Quanto ao adultero, não é condenado. “O que
dizes?” Se Jesus não condena é contra a lei judaica, se condena é contra a lei
romana. Jesus se agacha e começa a escrever no chão. Como insistissem, Ele diz:
“Quem não tem pecado atire a primeira pedra”. Todos se afastam, a começar pelos
mais velhos. A maldade envelhecida é muito triste. Jesus se volta para a mulher
e pergunta: “Ninguém te condenou?” – “Ninguém, Senhor”. “Eu também não te
condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Cada um busca a
própria condenação quando não tem a autenticidade de vida ouvida na Palavra. A
força da Ressurreição envolvida de amor saberá discernir no mundo os corações e
encaminhar as pessoas para a meta: Jesus Cristo. Com ele não condenamos e encaminhamos
as pessoas para a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário