sábado, 1 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu também não te condeno”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Eis que farei coisas novas
A celebração da Páscoa do Senhor. Sua vida, missão, morte e ressurreição estão unidas a toda a história do povo de Deus. As maravilhas que Deus fez para seu povo, como a criação, a escolha dos patriarcas, o êxodo do Egito, a terra prometida, os profetas e reis tornam-se presentes nesse momento como a grande profecia que se realiza. Deus está sempre prometendo uma novidade. “Eis que vou fazer coisas novas” diz o Senhor pela boca de Isaias (Is 43,19). O livro do Apocalipse também profetiza: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). A novidade fundamental é Jesus Cristo que, com seu amor se entrega e é causa de nossa alegria. Esse domingo vê já perto a Páscoa. O salmo 125 canta: “Maravilhas fez conosco o Senhor. Exultemos de alegria!”. Com a morte de Cristo e sua ressurreição, podemos esquecer as coisas antigas. Deus abre uma estrada no deserto do mundo para a libertação de todos os males. Ele restaura o coração humano quando, convocado a dar sua opinião sobre o apedrejamento da adúltera, ele não condena, mas restaura: “Vai e não peques mais”. Ninguém está sem pecado a ponto de ter direito de atirar a primeira pedra. A grande novidade é que os pecados não fazem história em nosso coração. São escritos na areia e o vento da misericórdia apaga. Jesus assumindo sobre si nossos males, nos libertou deles. Jesus realizará em nós a nova vida.
Força da Ressurreição
O amor de Cristo torna-se nossa estrada (oração): “Dai-nos caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo”. Por esse amor, como diz Paulo, podemos abandonar tudo e tudo considerar lixo. Depois de conhecer a Cristo, Paulo se desprende de tudo e perde tudo. “Considero tudo como lixo para ganhar a Cristo e ser encontrado unido a Ele” (Fl 3,8). A justiça de Deus que tem base na fé consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força de sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-se semelhante a Ele em sua morte (Fl 3,10). A Ressurreição é ao mesmo tempo um motor que impulsiona, e uma meta que atrai. Paulo não se interessa pelo que conquistou, mas lança-se para frente para a meta, que Deus o chama a receber em Cristo Jesus. A grande novidade de Jesus é o acolhimento de todos com amor. Por isso tudo mais é lixo, mesmo as severas leis que dominavam.
Mulher, ninguém te condenou?
            Cena magnífica no templo: trazem uma mulher surpreendida em adultério. Quem a traz? Quem sabe os adúlteros da fé, aqueles que adulteraram a lei de Deus e pregam como donos da lei. Jesus os conhecia e bem. Pedem que Jesus emita um juízo sobre algo que já estava definido na lei: a adúltera deve morrer apedrejada. Quanto ao adultero, não é condenado. “O que dizes?” Se Jesus não condena é contra a lei judaica, se condena é contra a lei romana. Jesus se agacha e começa a escrever no chão. Como insistissem, Ele diz: “Quem não tem pecado atire a primeira pedra”. Todos se afastam, a começar pelos mais velhos. A maldade envelhecida é muito triste. Jesus se volta para a mulher e pergunta: “Ninguém te condenou?” – “Ninguém, Senhor”. “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Cada um busca a própria condenação quando não tem a autenticidade de vida ouvida na Palavra. A força da Ressurreição envolvida de amor saberá discernir no mundo os corações e encaminhar as pessoas para a meta: Jesus Cristo. Com ele não condenamos e encaminhamos as pessoas para a vida. 

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