Ao refletirmos sobre o sacerdócio do
povo de Deus, pensamos esse dom para fora da Igreja, no meio do povo. Podemos,
contudo, perguntar: como fica a celebração da liturgia? Jesus disse: onde dois
ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles. O povo de Deus
celebra, presidido pelos seus ministros ordenados. Há diferença essencial entre
o ministério ordenado e o do povo de Deus. Mas quem celebra é todo o Corpo que tem
Cristo como cabeça. Mesmo que não seja uma celebração de missa, seja um culto
sem ministro ordenado, há um verdadeiro e autêntico culto a Deus, pois tem
Cristo em seu meio. E vejamos que, no Brasil, (conforme ouvi há tempo) 70% das
celebrações são feitas por leigos, pois não há sacerdotes suficientes. Mesmo
assim, em tantas capelas rurais ou de periferias todas as semanas se reúnem
para celebrar o culto. Que beleza de povo de Deus! Imaginemos no Amazonas onde
o padre pode ir tão raramente. Mas a comunidade se reúne. É o Espírito Santo
que convoca esse povo para celebrar. É o mesmo Espírito que faz desse
ajuntamento de pessoas, corpo de Cristo que celebra. Mesmo não havendo missa, a
comunidade preenche o dever de prestar culto a Deus, que é um modo de exercer
seu sacerdócio comum a todo povo. Mas esse povo celebra a Eucaristia. Sendo uma
Celebração Eucarística, ela não é coisa só do padre, mas de todo o povo. O
padre faz parte do povo e preside em nome de Cristo. Mas a celebração é de todo
o Corpo de Cristo. Assim o povo de Deus exerce sua função participando de uma
liturgia. A força da comunidade não está no número ou organização mas no
Espírito que faz dela Corpo de Cristo que presta o culto ao Pai pelo Cristo no
Espírito.
350.
Direito de celebrar
A definição de liturgia diz: “A
liturgia é o exercício do múnus (função) sacerdotal de Jesus Cristo, no qual,
mediante sinais sensíveis, é significada e de modo peculiar a cada sinal,
realiza, a santificação do homem. É exercido o culto público e integral pelo
corpo Místico de Cristo, cabeça e membros” (SC 7). Todo o cristão faz parte
desse corpo e participa desse culto integral. Ele tem, por isso, o direito de
celebrar. O sacerdócio comum dos fiéis participa integralmente desse múnus
sacerdotal de Cristo. Participa igualmente de cada sacramento, de modo
particular da Eucaristia, a missa. O padre não é dono, é servidor, como
ministro ordenado. Em seu ministério celebra com o povo de Deus e preside
em nome de Cristo. Está unido ao povo
sacerdotal. O missal diz, na introdução, que ele deve consultar o povo naquilo
que se lhe refere e não ficar só no seu gosto pessoal.
351.Ministérios
leigos na celebração
Em cada celebração há diversos
ministérios. Eu já cataloguei mais de 50 ministérios ou serviços e equipes em
uma celebração. O princípio é este: “cada um faça tudo e só o que lhe compete”.
Por isso é necessário estudar para saber o que compete a cada um. Participar
não é todo mundo fazer a mesma coisa, mas cada um unir-se a Cristo que se oferece
ao Pai pelo mundo (Gregório Lutz). Uma celebração seria muito rica se procurássemos
desenvolver os ministérios. Por eles seria possível um exercício mais fecundo
do sacerdócio do povo. Mas o fundamental é ouvir a Palavra, louvar, agradecer e
unir-se a Cristo em sua entrega ao Pai. Deste modo os cristãos realizam sua
missão de povo sacerdotal. O Concílio ensina que “os fiéis, em virtude de seu
sacerdócio régio, concorrem na oblação da Eucaristia e o exercem na recepção
dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na
abnegação e na caridade ativa” (LG 10).
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