Evangelho segundo S. Mateus 20,20-28.
Naquele
tempo, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com os filhos e
prostrou-se para Lhe fazer um pedido. Jesus perguntou-lhe: «Que queres?». Ela
disse-Lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua
direita e outro à tua esquerda». Jesus respondeu: «Não sabeis o que estais a
pedir. Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?». Eles disseram: «Podemos». Então Jesus declarou-lhes: «Bebereis do meu cálice. Mas sentar-se à minha
direita e à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem
meu Pai o designou».
Os outros dez, que tinham escutado, indignaram-se com
os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das
nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu
poder. Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande
seja vosso servo e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo. Será como o filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e
dar a vida pela redenção dos homens».
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Audiência geral do dia 21/6/06 (©
copyright Libreria Editrice Vaticana)
«Haveis de beber o meu cálice»
Tiago, filho de Zebedeu, chamado Tiago
Maior, pertence, juntamente com Pedro e João, ao grupo dos três discípulos
privilegiados que foram admitidos por Jesus em momentos importantes da sua vida.
Ele pôde participar, juntamente com Pedro e João, no momento da
agonia de Jesus no horto do Getsémani e no acontecimento da Transfiguração de
Jesus. Trata-se portanto de situações muito diversas uma da outra: num caso,
Tiago com os outros dois Apóstolos experimenta a glória do Senhor, vê-O em
diálogo com Moisés e Elias, vê transparecer o esplendor divino de Jesus; no
outro, encontra-se diante do sofrimento e da humilhação, vê com os próprios
olhos como o Filho de Deus Se humilha, tornando-Se obediente até à morte.
Certamente a segunda experiência constitui para ele ocasião de uma maturação na
fé, para corrigir a interpretação unilateral, triunfalista da primeira: ele teve
de entrever que o Messias, esperado pelo povo judaico como um triunfador, na
realidade não era só circundado de honra e de glória, mas também de sofrimentos
e fraqueza. A glória de Cristo realiza-se precisamente na Cruz, na participação
dos nossos sofrimentos.
Esta maturação da fé foi realizada pelo
Espírito Santo no Pentecostes, de forma que Tiago, quando chegou o momento do
testemunho supremo, não se retirou. No início dos anos 40 do século I, o rei
Herodes Agripa, sobrinho de Herodes o Grande, como nos informa Lucas, «maltratou
alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João» (Act
12,1-2). [...]
Portanto, de São Tiago podemos aprender muitas
coisas: a abertura para aceitar a chamada do Senhor também quando nos pede que
deixemos a barca das nossas seguranças humanas, o entusiasmo em segui-Lo pelos
caminhos que Ele nos indica, para além de qualquer presunção ilusória, a
disponibilidade para testemunhá-Lo com coragem, se for necessário, até ao
sacrifício supremo da vida. Assim, Tiago o Maior, apresenta-se diante de nós
como exemplo eloquente de adesão generosa a Cristo. Ele, que inicialmente tinha
pedido, através de sua mãe, para se sentar com o irmão ao lado do Mestre no seu
Reino, foi precisamente o primeiro a beber o cálice da paixão, a partilhar com
os Apóstolos o martírio.
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