PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
352.
Anunciadores da Palavra como Jesus
Dentre os dons do povo de Deus,
encontramos o anúncio da Palavra. Partimos novamente de Jesus que, em toda a
sua vida, proclamou a Palavra de Deus. Sua proclamação missionária inicia-se a
partir de Seu Batismo. Mas, desde a Encarnação Ele era a Palavra de Deus
encarnada e falava do Pai. No evangelho de S. João lemos claramente: “No
princípio era a Palavra (o Verbo) e a Palavra estava com Deus e a Palavra era
Deus [...] e a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1.14). “NEle
estava a vida e a vida era a luz dos homens” (4). Palavra, em hebraico dabar, não é só um som produzido, mas
identifica-se com quem a diz. O Pai, ao enviar o Filho, O faz sua expressão
completa. Ele diz: “O Pai e eu somos um” (Jo 10,30). A própria vida de Jesus é
a Palavra Viva que se manifesta em palavras de vida. O cristão, ao acolher essa
Palavra pela fé torna-se, também ele, uma palavra viva pelo testemunho de vida
e também pela palavra que anuncia. O anúncio se faz dos mais diversos modos:
pela pregação explícita e também pelas palavras do dia a dia, impregnadas da
Palavra de Vida que ele vive. Nos tempos atuais a Igreja está em profundas
mudanças. Uma delas é a valorização do leigo como atuante e não somente como
assistente ou beneficiário. Deste modo podemos perceber, não uma anulação do
clero, padres e bispos, mas uma devolução ao leigo daquilo que é profundamente
dele como batizado. Vemos nas cartas de Paulo a quantidade de cristãos
comprometidos com a evangelização. Paulo escreve: “não somos estrangeiros nem
hóspedes, mas somos concidadãos dos santos, membros da Igreja de Deus” (Ef
2,19). O leigo não é um cristão de segunda classe. Assim Jesus também o seria,
pois ele foi leigo. Todos são de primeira classe, pois somos todos irmãos.
Primeira classe nos dons e nos compromissos.
353.
Prega, insiste com toda sabedoria
Sendo co-responsável pelo Reino de Deus
na missão de anunciar, o cristão, une os sacrifícios espirituais à Palavra.
Paulo insiste consigo mesmo: “Anunciar o Evangelho não é um título de glória
para mim; é antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar
o evangelho” (1Cor 9,16). Insiste com Timóteo: “Eu te conjuro [...] proclama a
palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com
toda a paciência e doutrina” (Tm 4,1-2). Nas cartas de Paulo encontramos uma
série de leigos pregadores. Na história da Igreja temos também, por exemplo,
Orígines, leigo que é um dos maiores teólogos da Igreja, era pregador leigo,
mas, como não permitiam ao leigo pregar, ordenaram-no padre. Cada um vai
descobrindo seu modo próprio de anunciar a Palavra. Isso é também um sacrifício
agradável a Deus. Pregando estamos professando a fé e distribuindo a vida. E
nós, como exercemos esse ministério?
354.
Não deixou cair por terra nenhuma palavra
Deus confiou totalmente em seus
discípulos, dando-lhes como garantia o Espírito Santo. Assim, também os
cristãos podem ter a certeza de que o Espírito permanece com eles. Nada mais
bonito do que ver os cristãos produzirem frutos. Vemos as igrejas cheias, mas
vemos pouca produção. Há uma religião de interesses e compromissos pessoais.
Aceitamos a Igreja, mas que não nos comprometa. Temos um belo exemplo na
Bíblia: “Samuel crescia, e o Senhor estava com ele, e nenhuma das palavras que
lhe dissera deixou cair por terra” (1Samuel 3,19). Se conhecermos Jesus Cristo,
nós o anunciaremos com todo o vigor. A meta não é aumentar o número de
cristãos, chamando para a Igreja, mas para Cristo. Pela Palavra ou pelo
testemunho, continuamos Jesus missionário do Pai.
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