terça-feira, 21 de maio de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Ele veio para os que eram seus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Um Deus próximo
 
Zacarias, o pai de João Batista, ficou mudo ao duvidar do anúncio do Anjo Gabriel. Esse mutismo não se trata tanto de um castigo, mas de um silêncio para que Deus fale. Simboliza também o fechamento que podemos ter diante da presença do Deus que age na humanidade. Aprendemos que desde o início da humanidade há uma presença de Deus que quer Se comunicar. É próprio de Deus sair de Si e ir ao encontro. No Gênesis lemos a bela história do Paraíso Terrestre que vai além da história e faz parte do ser do homem e do ser de Deus. Quando Deus se manifesta a Moisés no arbusto que queimava e não se consumia, Se declara um Deus presente, por isso conhece o sofrimento do povo e desce para libertá-lo. A compreensão que o povo teve de Deus foi Daquele que caminha junto. Moisés exige de Deus: “Se não vieres tu mesmo, não nos faças sair daqui (Egito)” (Ex 33,15). A maior aproximação de Deus foi a Encarnação de Jesus. Nesse momento a aproximação foi total e se tornou eterna. Jesus não é um líder, um curador maravilhoso, um profeta, um guru, um médium etc... Ele é uma Pessoa com duas Naturezas, a Divina e a Humana. A proximidade de Deus com a pessoa humana acontece na Pessoa de Jesus. Mais ainda: Fazendo-se homem, Se fez próximo de todas as pessoas para lhes comunicar a Vida Divina, como lemos nos evangelhos. Essa proximidade continua depois de sua Ascensão, quando diz: “Estarei convosco até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Está muito próximo de nós nos sacramentos pois, o que era visível em Cristo, está nos sinais sacramentais, de modo particular na Eucaristia, no Corpo e Sangue do Senhor. 
Um homem distante 
João, no início de seu evangelho, escreve claramente ao definir a origem divina de Jesus, que é o Verbo de Deus que se encarnou: “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens e a luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a apreenderam.... o mundo foi feito por Ele, mas o mundo não O conheceu. Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória” (Jo 1,4-5.10.12.14). João depois vai mostrar as obras de Jesus que culminam em sua Ressurreição, prova que Ele veio de Deus para estabelecer a comunhão com Sua Vida. Por que se afastar e recusar? Em troca do quê? João diz que a recusa é buscar as trevas, o mal. Esta recusa vai culminar na condenação de Jesus à morte. Jesus chama essa hora de “poder das trevas”. A recusa tem o nome de pecado que é recusar a Vida e a Comunhão com a Vida que é o Deus que se aproxima de nós e nos envolve. 
A responsabilidade de quem crê 
João diz também que “a todos que O receberam, deu-lhe o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12). “ter a vida eterna” (Jo 6,40) e “ressuscitar no último dia” (39). A fé não é somente uma opção de religião, de ideias, um conjunto de crenças, mas a definição por uma Pessoa concreta que é Jesus. Se crermos em Jesus nós O anunciamos. Há muitos que fazem uma fé cristã a seu modo, isto é, acreditam no que interessa. Os que creem se tornam anunciadores de Sua Pessoa e de Sua presença. Acolher o Deus que vem a nós em Jesus significa aproximar-se dos outros, gerar comunhão de vida e serviço fraterno. Quem encontrou Deus e não O leva aos outros para que Ele se aproxime deles também, é porque não O encontrou. A religião intimista, voltada só para si e para ritos, ou simplesmente voltado para a sua Igreja, seu movimento, seu modo de ser, não corresponde ao desígnio eterno de Deus de Se manifestar para a Vida.
ARTIGO PUBLICADO EM ABRIL DE 2013

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