“Estes mártires do nosso tempo foram fiéis anunciadores do Evangelho, humildes construtores de paz e heroicas testemunhas da caridade cristã. O seu corajoso testemunho é fonte de esperança para a comunidade católica argelina e semente de diálogo para toda a sociedade. Que esta beatificação seja para todos nós um estímulo a construir juntos um mundo de fraternidade e de solidariedade. Façamos um aplauso aos novos beatos!"
Papa Francisco
Assassinados por ódio à fé, por terem testemunhado o amor de Cristo e terem escolhido permanecer na Argélia entre os habitantes locais, nos anos sombrios do terrorismo. Foi o destino comum dos religiosos que foram beatificados no dia 08 de dezembro de 2018, no Santuário de Notre-Dame de Santa Cruz, em Oran, na Argélia, na presença de muitos muçulmanos que, como declara Dom Desfarges (Arcebispo de Argel), querem "enfatizar que não foi o islamismo a matar, mas uma ideologia que desfigura essa religião".
A década de terrorismo iniciou em 1991 e se concluiu em 2002, e foi marcada por atentados e combates cruéis entre as forças armadas do governo (instituído depois de um golpe de Estado) e fundamentalistas islâmicos, (que tinham vencido as eleições mas foram impedidos de tomar o poder) nos quais morreram 150 mil pessoas.
A história dos sete monges de Tibhirine
A história dos sete monges de Tibhirine é talvez a mais atroz. Foram sequestrados na noite de 26 para 27 de março de 1996 no mosteiro de Nossa Senhora de Atlas a 60 quilômetros de Argel, e somente dois meses depois, em 21 de maio depois de inúmeras tentativas frustradas de negociação. o Grupo Islâmico Armado anunciou a morte deles, e no dia 30 de maio foram encontradas suas cabeças nas proximidades de Medéia.
Irmão Christian de Chergé: nascido em 18 de janeiro de 1937 em Colmar, padre cisterciense francês, prior da comunidade desde 1984, monge desde 1969, na Argélia desde 1971.
Irmão Luc Dochier: nascido em 31 de janeiro de 1914 em Bourg-de-Péage, monge cisterciense francês desde 1941, na Argélia desde agosto de 1946. Médico, viveu cinquenta anos em Tibhirine. Tratou todos de forma gratuita, sem distinção de religião.
Irmão Christophe Lebreton: nascido em 11 de outubro de 1950 em Blois, sacerdote cisterciense francês, monge desde 1974, na Argélia desde 1987.
Irmão Michel Fleury: nascido em 21 de maio de 1944 em Sainte-Anne-sur-Brivet, monge cisterciense francês desde 1981, na Argélia desde 1985. Membro do Instituto de Prado, era o cozinheiro da comunidade.
Irmão Bruno Lemarchand: nascido em 1º de março de 1930 em Saint-Maixent l’École, sacerdote cisterciense francês, monge desde 1981, na Argélia e no Marrocos desde 1989.
Irmão Célestin Ringeard: nascido em 27 de março de 1933 em Touvois, sacerdote cisterciense francês, monge desde 1983, na Argélia desde 1987.
Irmão Paul Favre-Miville: nascido em 17 de abril de 1939 em Vinzier, religioso cisterciense francês desde 1984, na Argélia desde 1989. Era responsável pelo sistema de irrigação do jardim do mosteiro.
Foram sepultados no cemitério de seu mosteiro em 4 de junho. A história dos monges é contada no filme “Homens e Deuses” de 2010.
Decidiram ficar na Argélia, apesar do crescente clima de terror, depois de muita reflexão e a decisão de compartilhar a dor. A decisão deles exprimia a vontade de estar junto com as pessoas – que eles consideravam amigos – e de compartilhar, principalmente com os mais pobres, os perigos de violência. Mesmo com diferenças entre eles, os religiosos de Tibhirine eram unidos pelo amor ao povo argelino, pelo respeito ao islã e pelo desejo de pobreza.
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