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| PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR |
Solange Medeiros: Existe uma frase que diz: “Quando Deus está no controle, o impossível acontece”. Mas Deus não está sempre no controle de tudo?
Deus não nos controla, pois nos dotou de liberdade para escolhermos o caminho a seguir. A frase em questão, pela minha compreensão, diz respeito a quando eu permito que Deus esteja no controle da minha vida, quando eu me deixo conduzir pelos seus ensinamentos e valores anunciados na Sagrada Escritura.
Leila Cristina: Fico muito triste quando vejo pessoas bem sucedidas na vida suicidar-se com drogas. Pessoas com fama, muito dinheiro, portadores de uma inteligência ímpar, sempre se acabam dessa forma. Existe uma explicação para isso?
Nem sempre as pessoas inteligentes acabam dessa forma. Vejo que muitas pessoas vivem na ilusão da fama, da riqueza, mas não encontram sentido para as suas vidas. A fama, o poder, o dinheiro não dão sentido à vida, mas sim o amor à vida, às pessoas. Amor vivido com simplicidade, humildade e sinceridade.
Rosemeire Matos: Ando muito preocupada com a nossa juventude. Eles andam gostando cada vez mais de luxo, estão cada vez mais mal educados, não tem o menor respeito pelos idosos e por aí vai. Será que a tendência é só piorar?
Eu ando preocupado é com a família, que não educa bem os seus filhos, não colocam limites e nem valores; compram seus filhos ao invés de educá-los com os valores do respeito, da solidariedade, da compaixão, do amor. Há falta de compreensão do que seja liberdade e daí a libertinagem toma conta da “educação” e gera o que estamos vivenciando.
Franscislene Camilo: A prostituição infantil é um assunto muito sério e doloroso para nós que somos verdadeiros cristãos. Como o evento da Copa está chegando, já se sabe notícias do aumento desse acontecimento tão sórdido. Existe alguma pastoral responsável por isso?
Existem várias pastorais na Igreja preocupadas com essa situação degradante da família: Pastoral da Família, Pastoral da Criança, Pastoral Social, entre outras.
Não identificada: O que acha desses livros de autoajuda? Comecei a ler um, mas estou achando o conteúdo muito generalizado, cheio de fórmulas que não dá para adaptar a qualquer situação. Já leu algum? Acha que a Bíblia pode substituir esse tipo de literatura?
Eu, particularmente, não gosto deste tipo de literatura, por isso nunca li nenhum. São conselhos e orientações muito genéricas que não podem ser aplicadas a todos indistintamente. A Bíblia não é um livro de autoajuda e não substitui nenhum tipo de livros, pois ela é peculiar, é um livro de revelação de Deus, de sua vontade em relação à pessoa humana. Deus nos quer ver livres e felizes e na Bíblia encontramos o caminho para isso.
Gabriel Domingues: Sobre o relacionamento entre primos a Igreja tem alguma coisa contra?
A Igreja alerta para o casamento entre primos de primeiro grau, devido ao perigo de um tipo de relacionamento com proximidade consanguínea. O Código de Direito Canônico diz no C. 1078 parágrafo 3º: “nunca se dá dispensa do impedimento de consanguinidade em linha reta ou no segundo grau da linha colateral”.
Josiane Godói: O que acha desse tal de “rolezinho”, última onde entre os jovens? O que será que a nossa juventude anda querendo da vida?
Depende do que se entende por “rolezinho”, pois se for para vandalismo eu acho uma lástima, uma falta de respeito às pessoas e aos bens públicos (quando se usa de depredação nesse tipo de manifestação), mas quando os jovens se reúnem para um “rolezinho” pacífico, vejo co o positivo. No meu tempo de juventude os jovens se reuniam na Praça da Matriz para “paquerar”, ou para ver as meninas passarem, era um “rolezinho” saudável, que trazia um prazer salutar nas pessoas, não havia maldade. Por isso digo, depende do tipo de “rolezinho”, pois hoje vejo que alguns são para fazer arruaças e isso não pode ser tolerável, é caso de polícia, para coibir vandalismo.
Vanessa Marques: Vi nos noticiários a foto de um lutador de Box, morto a tiros. Eles fizeram o enterro a caráter. Fizeram um ringue, vestiram o defunto com sua roupa de lutador e o colocaram em pé, no canto do ring e tiraram fotos. Uma cena horrorosa. Fizeram o mesmo com um que amava sua moto e foi enterrado sentado na mesma. O que acha disso?
Bem, eu respeito a liberdade de cada um escolher a forma com que quer ser enterrado, apesar de achar ridículas certas formas de idealizar o seu próprio enterro, ou idealizar uma sepultura com características que beiram o ridículo. a morte deve ser encarada como algo natural e, de acordo com a cultura de cada povo e região ser vivenciada com serenidade, sem exageros.
Shirley Maria: Jesus Cristo disse que somos deuses e poderíamos fazer tudo o que ele fez e muito mais. Gostaria que comentasse esta passagem.
Ele nos ensinou que, se o seguíssemos poderíamos fazer as mesmas coisas que fez e até maiores. Ele não quis dizer com isso que somos iguais a Ele, ou seja, que somos iguais a Deus, mas Ele nos dotou de poderes (pela fé) de realizar obras maravilhosas. Essa expressão “sois deuses” (Sl 82, 6) é uma força de expressão para dizer que, somos filhos de Deus (do Altíssimo). Esta expressão era, no Antigo Testamento, usada para se referir aos Juízes que governaram Israela antes da Monarquia (o julgamento era de Deus, mas os Juízes, em nome de Deus tinham essa prerrogativa). Jesus aplica essa expressão (cf. Jo 10, 34) para retrucar a acusação por parte dos judeus, de que ele estava se fazendo Deus. São Paulo nos diz:”Tudo posso naquele que me dá força” (Fl 4, 13) para dizer que, se temos fé em Jesus Cristo e seguimos seus ensinamentos podemos tudo nEle, o poder é dEle e não nosso.
Raquel de Araújo: Adorei o final da novela “Amor à vida”. Foi emocionante, pena que tiveram que colocar a cena do “beijo gay”, tão desnecessária! Mas a questão do perdão em família, foi um caso muito bem abordado embora, em minha opinião, pelos motivos da estória, acho muito difícil acontecer na vida real. Qual sua opinião?
Eu não gostei dessa novela, apesar de não ter acompanhado, mas de ouvir comentários e ter visto alguns capítulos, aliás, as novelas da Rede Globo, de modo geral tem repassado contra-valores excessivos, querendo tornar comum o que não é introjetando valores errôneos em nossa sociedade. Uma lástima o desserviço prestado por essa grande emissora de TV.
Edileide Gomes: Dizem que, para fazer inimigos, basta dizer o que pensa. Então fica impossível ser verdadeiro! Jesus Cristo, por exemplo, nem disse tudo o que precisava ser dito e foi cruelmente assassinado! Os tempos não mudaram não é?
Não acredito nessa forma de pensar, não acho que ser sincero acaba com amizades, pelo contrário, fortalece. Agora as pessoas acham que para ser sinceras devem falar o que acham que está certo e não respeitar o outro. Ser sincero não é falar o que vem à cabeça, mas falar a verdade, baseada em valores, como o respeito, o amor, a amizade. Eu devo saber falar e as verdades devem ser ditas, m,as sabendo respeitar cada um na sua forma de entender. Prudência é o que falta nos relacionamentos.
Flávia Dutra: Quando trazemos Jesus no coração, nossas atitudes cristãs não demonstram que estamos sempre em comunhão com ele? Não seria a mesma coisa que comungar a eucaristia?
A Eucaristia deve nos fazer pessoas melhores, transformar nossas atitudes e sermos semelhantes à Jesus. Gosto muito daquela oração em forma de jaculatória: “Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Nós devemos deixar que a Eucaristia nos leve a tomar atitudes cristãs que nos transforme em “outros cristos”, daí a palavra “cristão”.
Nádia Farias: Gostaria que comentasse esta passagem em Jo 1, 1-5 que diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. O que é esse Verbo? Seria a Palavra que veio através de Jesus?
A expressão Verbo significa Palavra, ou melhor, dizendo a essência. Jesus é o Verbo, a Palavra, a própria essência de Deus, pois Ele é Deus.
Eva Silvestre: Como podemos medir a força da nossa fé?
Não se mensura a força da fé. Fé é acreditar incondicionalmente na pessoa de Jesus e não tem como mensurar esse acreditar, ou se acredita ou não se acredita nEle.
Ioná Ferreira: Se o padre souber que o bebê que for batizar não seguirá a formação católica, ele pode querer não batizá-lo? Falo em caso de uniões entre casais de Igrejas diferentes.
O padre pode e deve questionar sobre a educação cristã católica da criança, pois não se deve batizar alguém que não terá uma educação cristã dentro do modo de ser católico. O Batismo não deve ser ministrado de qualquer forma ou somente por tradição, mas por convicção religiosa, pois é o sacramento que nos inicia na vida de Igreja.
http://www.matrizdecampinas.org.br/
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