A opção por Cristo não um peso, mas uma libertação.
É uma escolha que exige deixar os muitos deuses. Josué continua na disposição
de servir o Senhor. Ao escolher Jesus, os discípulos são desafiados a um novo
modo de vida a partir de Jesus. Isso exige fé e entrega. No ensinamento sobre o
Pão da Vida, muitos dos discípulos que O escutaram disseram: “Esta Palavra é
dura! Quem pode escutá-la?” O sentido dessa palavra (dabar), em hebraico,
significa duro de compreender e de escutar. É dura porque envolve ver e
praticar. Era abominável para o judeu beber sangue e comer a carne de alguém.
Em segundo, como aceitar que um homem como nós se põe como Deus? Vemos na
prática que os cristãos mantêm a recusa dessas palavras duras e não se aproximam
da Eucaristia. Pior, é tomar a Eucaristia sem perceber sua intensidade
espiritual e a conseqüência humana. Se eles se escandalizaram com o discurso do
Pão da Vida, mais ainda se escandalizarão quando Jesus subir ao Céu. Como um
homem pode ir ao Céu glorificado? Jesus
responde a esses questionamentos apresentando que o que se refere a Deus,
somente se entende a partir do Espírito Santo. Afirma: “O Espírito é que dá
vida, a carne não adianta nada” (Jo 6,63). Somente o Espírito pode fazer-nos compreender que a
Eucaristia, pão e vinho consagrados, são o Corpo e Sangue do Senhor Jesus em
seu Mistério Pascal de vida, morte e ressurreição. Por isso Jesus ensina: “As
palavras que digo são espírito e vida” (63). Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido
pelo Pai (65).
Até entre os discípulos mais próximos, os apóstolos, há os que não acreditavam
apesar de tudo o que Jesus demonstrara.
Tu és o Santo de Deus
Ao ver que muitos se afastavam
Dele, pergunta aos discípulos: “Vós também não quereis ir embora?” (67). Em nome de todos
Pedro responde: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna. Nós
cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69). É a
entrega de fé. É a resposta a todo o mistério da Eucaristia. Assim foram também
as palavras de Josué: “Nós serviremos ao Senhor porque Ele é nosso Deus” (Js 24,18b) Nós imploramos para dar a mesma resposta:
“Dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na
instabilidade deste mundo fixemos nossos corações onde se encontram as
verdadeiras alegrias” (Oração).
Deus não obriga a servi-Lo como diz Josué: “Se vos parece mal servir ao Senhor,
escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram
na Mesopotâmia ou aos deuses dos amorreus?” (Js 24,15). Nosso Deus faz hoje a mesma
pergunta não impondo, mas propondo um caminho. Atualmente vemos que muitos se
afastam de Jesus como os discípulos e preferem se entregar a ideologias e aos
muitos deuses que a sociedade fabrica.
Fruto da Eucaristia no amor
Reconhecemos que a Eucaristia tem uma força
transformante: “Fazei agir em nós o sacramento do vosso amor, e transformai-nos
de tal modo pela vossa graça que em tudo possamos agradar-Vos” (Pós comunhão). Não basta receber a Eucaristia. É preciso
coerência. Sem isso ela perde o sentido. Não basta por a santa Hóstia na boca,
é preciso guardá-la no coração. Paulo, na Carta aos Efésios, orienta a vida dos
casais para viver no amor como Cristo Se doa à Igreja e dela recebe a entrega
total. Família nasce da Eucaristia, pois não há amor matrimonial que não seja
continuação do amor de Cristo. Como Cristo é um com a Igreja, o casal é unidade
espiritual e carnal. São espelho do amor de Deus.
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