Ouvindo a
Palavra de Deus proclamada pelo profeta Isaias, encontramos a figura do Servo
Sofredor. O texto é uma profecia sobre o sofrimento do Messias. Jesus explica
que Ele é Messias: “Começou então a ensiná-los dizendo que o Filho do Homem
devia sofrer muito, ser rejeitado... ser morto, e ressuscitar depois de três
dias” (Mc 8,31). Aceitar o Cristo sofredor é pensar
como Deus e não como homens como disse Jesus a Pedro (33). O sofrimento e
morte de Jesus são um absurdo para os judeus e uma loucura para os pagãos (1
Cor 1,27).
Ainda é incompreensível para tantos. O sofrimento redentor não pode ser
entendido só como dor, mas como conseqüência de sua entrega a Deus. Esperava-se
um Messias glorioso. O que resolveria? O Jesus - Messias não é solução política
nem shows espetaculares como lemos nas
tentações de Jesus. O povo queria um Messias político por tinha a péssima
experiência do poder e da tirania. O
Messias sofredor, ao contrário, entrega-Se totalmente ao Pai pela redenção
total de todos, pois Se põe a serviço de todos. O Cristo - Messias sofredor não
correspondia à expectativa do povo. Por isso foi desconsiderado e até confundido
com outros profetas. Hoje não entendemos o sofrimento e a entrega. Há os que
julgam que sofrimento é castigo ou que Deus não ouve nossa oração pedindo o
alívio. É um erro grave de alguns segmentos dos cristãos.
A obra da fé.
Pedro responde em nosso nome à pergunta de
Jesus “quem dizem os homens que Eu sou?” A resposta é um ato de fé. Tiago
explicita o que é crer. Certamente havia uma crise entre os cristãos sobre a fé
e a caridade. O que salva? Como ouvimos dizer por aí, basta crer para ser salvo.
Paulo não quis dizer isso, pois afirma em Gálatas que a fé deve ser operosa,
com obras, na caridade (Gl 5,6). A fé salva,
mas sem a caridade ela não passa de uma teoria. Tiago dá um exemplo claro: Se
alguém tem fome e você diz que ele vá e se sacie, e não dá o alimento, o que
adianta? A obra da caridade está no coração da opção de Jesus de seguir até à
cruz. A caridade tem que ser como Jesus: ir até o fim. Fé sem caridade é vazia,
é morta, como diz S. Tiago. Ele é prático: A caridade sem a fé é social e não tem
conteúdo. Só sai de si quem encontra a razão em Jesus. Ele continua amando
através de quem ama. Que a ação da Eucaristia penetre todo nosso ser para que não
sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do Sacramento (Oração
pós -comunhão).
Seguimento que
salva.
Só há um modo de
acreditar no Messias Jesus Cristo: Tomar a cruz e segui-Lo. Assim é o
discípulo. O Messias Jesus não coincide com as expectativas do judaísmo. Ser
discípulo também não corresponde ao conceito de então e mesmo até hoje. Ser
discípulo não é só aceitar Jesus, mas é fazer como Ele fez: renunciar a si
mesmo e tomar a cruz. Não se trata de sofrimento, mas da disposição com que
Jesus Se entrega ao Pai pelo mundo. E completa com o sentido contraditório a
tudo que o “mundo” pensa: “Quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem
perder a sua vida por causa de Mim e do evangelho, vai salvá-la” (Mc
8,35).
Podemos entender aqui aquelas palavras de Simeão: “Este Menino está posto como
sinal de contradição” (Lc 8,34). Hoje, a recusa
aos discípulos de Jesus não é contra eles, mas contra Jesus ao qual estão
unidos. Nossa disposição será sempre o que nos sugere o salmo: ‘Andarei na
presença do Senhor na terra dos vivos (Sl 114).
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