sábado, 15 de julho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Cheio de compaixão”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Compaixão que salva
               Marcos, no texto que narra a cura do leproso, enfrenta uma questão muito importante para a vida da comunidade: Há discriminação na própria comunidade; há puros e impuros que deveriam ser separados. Há a comunidade dos perfeitos e a dos fracos. Não se trata de desobedecer a uma norma, mas de não gerar discriminação. Jesus é apresentado como Aquele que cura o homem e o reintegra na comunidade. Sabemos que a lepra ainda é um problema grave pelo mundo e também pelo Brasil. No tempo de Jesus era um problema gravíssimo e era controlado por uma forte legislação e por um afastamento do leproso do convívio social, e religioso. A pessoa perdia toda a dignidade. As normas para o controle da doença, impunham ao leproso um estatuto de excluído (Lv 13). O doente era excluído do convívio das pessoas, para não contaminar os demais, vivendo fora da comunidade; perdia a condição de participante da comunidade religiosa e social, andando com a cabeça descoberta; devia trazer as vestes rasgadas como sinal de uma grande desgraça; Devia se declarar impuro igualando a doença a uma impureza ritual que atingia também o Espiritual. Quem o tocasse se tornava também impuro e era isolado. O homem vai até Jesus, quebrando a norma de não se aproximar e pede a Jesus: “Se queres, podes, curar-me. Jesus, enchendo-se de compaixão, tocou-o diz: quero, fica curado” (Mc 1,40-41). Este sentimento é o mesmo sentimento da mãe pelo filho. É o sentimento materno de Deus. A compaixão de Jesus leva O ao extremo de se excluir para que o homem fosse reintroduzido no povo de Deus. A salvação que Jesus oferece é a purificação de todo mal, sobretudo, a reintegração do indivíduo, não havendo impuros. Jesus não nega a necessidade de se procurar o sacerdote para a comprovação da cura. Ele mesmo se exclui, ao tocar o homem, mas, todos vão onde Ele está. A comunidade O reintroduz. O homem que fora curado publica o fato, apesar de ser proibido por Jesus. Ele não mais publica sua impureza, mas Jesus que purifica.   
Discriminação dos fracos
               Este texto do Evangelho nos faz um grande alerta para um exame de consciência sobre as muitíssimas discriminações que são impostas aos fiéis tanto cristãos católicos, crentes e outras seitas e crenças. Podemos ver que há tantas tradições, superstições, leis, ritos  e costumes que se instituíram como leis sagradas que atingem as pessoas de tal modo que as impedem o acesso aos sacramentos, ao convívio da comunidade. O pior de tudo é que estas imposições são para os mais fracos, pois os ricos e poderosos não recebem as mesmas restrições, ou compram privilégios como fazem em outros lugares. Lemos o evangelho, nos chocamos e fazemos o mesmo. Não coloquemos outros pesos sobre as pessoas, além das que a vida traz.
Tudo para a Glória
               Paulo exemplifica esta questão lembrando que tudo deve ser realizado na caridade, sem escandalizar. E dá uma orientação muito grande que pode nos garantir no exercício do dia-a-dia da liberdade: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31). A glória de Deus e a caridade nos relacionamentos com os fracos, podem libertá-los de suas prisões e discriminações. Importante também é uma pregação libertadora que leve ao núcleo da fé. A Igreja deve continuar o processo de evangelização despojando-se destas formas de poder.

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