PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Esperar o Natal do Senhor”
Realizada
a profecia
A
oração da Eucaristia de hoje nos convida a voltarmos para o mistério da Vinda
do Senhor. A segunda vinda de Cristo estimula a nos voltarmos para a primeira
vinda na noite do Natal. O Senhor sempre vem ao nosso encontro. Tantas
profecias anunciaram e descreveram com detalhes sua chegada entre nós. O último
profeta do Antigo Testamento atesta que Ele está presente. Somos convidados na
celebração a celebrar essa vinda. Rezamos: “Deus, que vedes vosso povo esperando
fervoroso o Natal do Senhor, dai chegarmos às alegrias da Salvação e
celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia”. Celebrar não é só
lembrar, mas atualizar esses acontecimentos para que nos fortaleçam para viver
o mistério na vida. A celebração sempre conduz à vivência. A realização das
profecias se dá também nas atividades do Messias. Isaias anima o povo a se
levantar do sofrimento e ver o quanto Deus o fortalece. Deus vem a seu
encontro. Jesus realiza concretamente essa transformação. João Batista, para
confirmar com o próprio Jesus se Ele era o Messias, manda discípulos perguntar:
“És tu aquele que deve vir ou devemos esperar outro?” (Mt 11,3). Jesus não responde com
palavras, mas com gestos: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os
cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os
surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,4,-5). Jesus
tece, então, um grandioso elogio a João dizendo que ele é um profeta verdadeiro
e o maior entre os nascidos, mas menor que qualquer um do Reino. O menor é
Jesus que maior que João.
Vinde
salvar o povo
A
vinda de Jesus ao mundo foi para dar a salvação, isto é, para abrir-nos o
caminho da comunhão com Deus no perdão total dos pecados. Esta salvação traz
profunda alegria. É o que o profeta quer
dizer com as profecias: “Então se abrirão os olhos dos cegos, e se descerrarão
os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos”
(Is 35,5-6ª). Todos os sentidos do homem serão atingidos
pela renovação que Deus trará. O salmo traz as mesmas palavras lembra a
misericórdia para com os sofredores (Sl 145). A libertação social e política tornam-se símbolo da
libertação espiritual quando Jesus lhe dá o sentido do Reino que liberta a
pessoa em todos os sentidos. Aqui encontramos um fundamento para um projeto de
evangelização e pastoral: cuidar do homem todo, sobretudo dos mais abandonados,
pois Jesus dá um sinal de garantia de sua missão: “Os pobres são evangelizados”
(Mt 11,4-5).
Esse é o Reino de Deus entre nós. Jesus é aquele que deveria vir. Ele
acrescenta: “Feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim” (id 6). Quando isso
nos incomoda é porque Jesus está nos incomodando. Esta é a verdadeira política.
Ficai
firmes
O
profeta anima a estarmos firmes: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os
joelhos debilitados... Criai
ânimo... Ele vem para nos salvar (Is 35,3-4). Tiago nos sustenta: “Ficai firmes e fortalecei
vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,8). A vinda de Jesus no Natal
estimula a nos despojarmos de tudo o que possa obscurecer sua revelação. Agora
a preocupação de muitos da Igreja está um pouco longe do Menino de Belém. Mas
ela tem pela frente o Glorioso que virá para nos perguntar pelo que fizemos
pelos nossos pobres. Precisamos de uma conversão que nos desvista de
exterioridades para ir ao fundo do coração sofredor. Que a escola de Belém não
se feche para nós.
Leituras: Isaias 35,1-6ª.10; Salmo 145;Tiago 5,7-10; Mateus 11,2-22.
1.
Jesus realiza as profecias ao confirmar a João que Ele
é o Messias.
2.
A vinda do Messias foi para dar a salvação, isto é,
abrir-nos o caminho para a comunhão com Deus e o perdão dos pecados. Essa
salvação é total. E se completa na evangelização dos pobres. Escandalizar-se de
Jesus é incomodar-se com essa libertação.
3.
Somos animados pelo profeta e por Tiago a nos firmarmos
nele e realizar uma salvação que nos oferecida.
O
homem em maiúsculo
É comum ouvirmos que este é um homem
com H maiúsculo. Não basta iniciar. É preciso ir até o fim. Ser grande não é
fazer grandes coisas: é levar adiante sua missão, mesmo que isso custe.
João quer confirmar se Jesus é o
Messias enviado por Deus. Isaias promete uma mudança radical para o povo. Essa
renovação Jesus a realiza acrescentando a transformação do mundo pelo
evangelho. Não aceitar é escandalizar-se.
Nesse Advento somos conduzidos pela
grandiosa figura de João Batista. Jesus gostava de seu primo e o admirava a
ponto de dizer que, “de todos os homens que já nasceram nenhum é maior do que
João. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele” (Mt 11,11). Quem é o
menor? Jesus se coloca como o menor. Podemos entender também que João, como é
aquele que fecha o Antigo Testamento, é menor do que quem vive a novidade do
Reino.
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