Evangelho segundo S. Mateus 21,23-27.
Naquele
tempo, Jesus foi ao templo e, enquanto ensinava, aproximaram-se d’Ele os
príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, que Lhe perguntaram: «Com que
autoridade fazes tudo isto? Quem Te deu tal direito?»Jesus respondeu-lhes:
«Vou fazer-vos também uma pergunta e, se Me responderdes a ela, dir-vos-ei com
que autoridade faço isto. Donde era o batismo de João? Do Céu ou dos
homens?» Mas eles começaram a deliberar, dizendo entre si: «Se respondermos que
é do Céu, vai dizer-nos: ‘Porque não lhe destes crédito?’ E se respondermos
que é dos homens, ficamos com receio da multidão, pois todos consideram João
como profeta». E responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele por sua vez
disse-lhes: «Então não vos digo com que autoridade faço isto».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Sermão 288
«Veio Jesus ter com João para ser batizado por ele [...]. João
opunha-se, dizendo: "Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti!"» (Mt
3,13-14)
«Muitos profetas e justos desejaram ver o
que estais a ver, e não viram» (Mt 13,17). Estas santas personagens, com efeito,
cheias do Espírito de Deus para anunciar a vinda de Cristo, desejavam com ardor
gozar da sua presença na Terra, se tal fosse possível. Foi aliás por essa razão
que Deus adiou a partida de Simeão deste mundo: queria que ele contemplasse, na
pessoa de uma criança recém-nascida, Aquele por quem o mundo foi criado (Lc 2,25
ss.). [...] Simeão viu-O com feições de menino; João, ao contrário, viu-O quando
Ele já ensinava e escolhia os seus discípulos. Onde? Nas margens do rio Jordão.
[...]
É aí, nesse batismo de preparação que Lhe abria caminho, que
encontramos um símbolo e uma aproximação do batismo de Jesus Cristo: «Preparai o
caminho do Senhor, endireitai as suas veredas» (Mt 3,3). O próprio Jesus quis
ser batizado pelo seu servo para fazer compreender a graça que recebem aqueles
que recebem o batismo em nome do Senhor. Foi aí que começou o seu reino, como
que a cumprir a profecia: «Dominará de um ao outro mar, do grande rio até aos
confins da terra» (Sl 72,8). Nas margens do rio onde o domínio de Cristo começa,
viu João o Salvador: viu-O, reconheceu-O e prestou-Lhe testemunho. João
humilhou-se perante a grandeza divina, a fim de merecer que a sua humildade
fosse ressaltada por essa grandeza. Ele declara-se o amigo do esposo (Jo 3,29).
Que amigo é este? Será aquele que caminha em pé de igualdade? Longe disso!
Então, qual é a distância que mantém? Diz ele: «Não sou digno de me inclinar
para Lhe desatar as correias das sandálias» (Mc 1,7).
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