Cinqüenta dias depois da Páscoa,
os cristãos são convocados a celebrar uma festa que marca o amadurecer do tempo
pascal e abre a um tempo que chamamos de comum, isto é, tempo em que vivemos a
vida do Espírito. Deus é Uno e Trino. Uno na Divindade e Trino nas Pessoas.
Toda ação de cada Pessoa da Trindade tem a atribuição de uma ação de Deus, mas
as três Pessoas estão presentes, agindo junto a cada Pessoa. Por isso, o
Espírito não está presente só em Pentecostes. Já na criação do mundo, o
Espírito de Deus pairava sobre as águas para que tivessem vida (Gn 1,2). Está
presente na história do povo de Deus. Foi Ele quem falou pelos profetas (profissão de fé). É
Ele que fecunda o seio de Maria (Lc 1,35), mantém viva a esperança como em Simeão (Lc 2,25), unge Jesus
no Batismo (Lc 3,22), e
o conduz em sua missão (Lc
4,1). No dia de Pentecostes, unido à Páscoa de Jesus, vem sobre os
discípulos, unidos a Maria no Cenáculo, Ele abre as fontes do coração de Deus
para que a graça da redenção fecunde todo o universo. A manifestação do
Espírito, terceira pessoa da Ssma Trindade, nos faz conhecer esta face do Deus
único que é vida e se comunica. Jesus na
noite soprou sobre os discípulos (Jo 20,22), como Deus soprara sobre o homem feito do barro para
que tornasse alma vivente (Gn
2,7). É a nova criação. Cria os homens novos à imagem do Filho. Estando
de portas fechadas recebem o Espírito. Abrem as portas e anunciam o
Ressuscitado. O Espírito modifica o coração dos discípulos de medrosos para
ardorosos anunciadores. Jesus os instruíra: “Quando o Espírito vier, ele vos
conduzirá à verdade plena” (Jo 16,13). A missão do Espírito é colocar-nos em comunhão com a
Trindade. Ele é o amor de Deus que jorra abundante para a Vida, como dissera:
“de seu seio jorrarão rios de água viva. Ele falava do Espírito que deveriam
receber os que nele cressem” (Jo 7,37-39).
Santificais
vossa Igreja
O Corpo de Cristo, a Igreja, é
composto de muitos membros. É o Espírito quem faz a coesão. Ela não é uma
estrutura social, mas um mistério com Cristo. Mistério no sentido que o que era
em Cristo agora age nela e por ela. Sua santidade está no seu Redentor que a
purificou e fez bela para Deus (Ap 21,2). O Espírito a liberta das cadeias do mal e fortalece a
fragilidade. O Espírito segue a Igreja em todos os caminhos, desde suas
celebrações até sua implantação no meio dos novos povos. Vivemos o tempo do
Espírito que é breve, pois o Esposo sempre chama sua esposa: Vem! (Ap 22,17). O Espírito
nos leva a acolher as graças da redenção através dela que é seu sacramento. Em
cada sacramento, no momento da epíclese (invocação do Espírito Santo), ela O recebe e
comunica para que a graça continue agindo. Ele a envia em missão a todos os
povos como no dia de Pentecostes.
Espírito
para o bem comum
Participamos
da vida e missão de Cristo como colaboradores do Espírito, unidos a Ele que
habita em nós como em um templo (1 Co, 3,16). Estar cheio do Espírito Santo é ter a disposição
de agir pelo Evangelho. O Espírito distribui os dons para a ação comum. Agir no
Evangelho é colocar em ação os dons que recebemos. Deste modo poderemos falar
em diversas línguas. Isto é a capacidade de dialogar com todo tipo de pessoas e
realidades. Dialogamos oferecendo nossos dons para o crescimento do Corpo de
Cristo. O único modo de crescer é sair de si para Deus entrar. Em cada missa
comungamos para ser comunhão.
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