Evangelho segundo S. Lucas 21,5-11.
Naquele
tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas
ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver,
não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-Lhe:
«Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?». Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão
em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que
estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Disse-lhes ainda:
«Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes
terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos
espantosos e grandes sinais no céu».
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253),
presbítero, teólogo
Comentário ao Evangelho de João, 10,39; PG 14, 369s
«Jesus disse aos judeus: "Destruí este
Templo, e em três dias Eu o levantarei." [...] Ele falava do templo que é o seu
corpo» (Jo 2,21). [...] Há quem pense que é impossível aplicar ao corpo de
Cristo tudo o que é dito acerca do Templo; pensam que se chamou Templo ao seu
corpo porque, tal como o primeiro Templo tinha sido habitado pela glória de
Deus, também o Primogénito de todas as criaturas é a imagem e a glória de Deus
(Col 1,15), e que é justo, portanto, que o seu corpo, a Igreja, seja chamado
Templo de Deus, porque contém a imagem da divindade [...]. Aprendemos com Pedro
que a Igreja é o corpo e a casa de Deus, construída com pedras vivas, uma casa
espiritual em função de um sacerdote santo (1Ped 2,5).
Deste modo,
podemos considerar Salomão, o filho de David, que construiu o Templo, como uma
prefiguração de Cristo: foi depois da guerra, numa altura de grande paz, que
Salomão construiu um Tempo à glória de Deus na Jerusalém terrestre [...]. De
facto, quando todos os inimigos de Cristo estiverem «colocados debaixo dos seus
pés», e a morte, «o último inimigo», tiver sido destruída (1Cor 15,25-26), então
a paz será perfeita, então Cristo será Salomão, cujo nome significa pacífico; e
nele se cumprirá esta profecia: «vivo [...] entre aqueles que odeiam a paz,
[mas] falo-lhes de paz» (Sl 119,6-7). Então cada uma das pedras vivas, segundo o
mérito da sua vida presente, será uma pedra do Templo: um, apóstolo ou profeta,
que ficará nas fundações, sustentará as pedras que ficarão por cima; outro,
vindo a seguir àqueles que ficam nas fundações, ele próprio conduzido pelos
profetas, sustentará outras pedras mais leves; um terceiro será uma pedra que
ficará mesmo no interior, onde se situa a arca com os querubins e o
propiciatório (1Rs 6,19); um quarto será a pedra do vestíbulo (v.3); e um
quinto, ainda, fora do vestíbulo dos sacerdotes e dos levitas, será a pedra do
altar onde são feitas as oferendas das colheitas. [...] O desenvolvimento da
construção, com a organização dos ministérios, será confiado aos anjos de Deus,
essas forças santas prefiguradas nos mestres de obras de Salomão. [...] Tudo
isto se cumprirá quando a paz for perfeita, quando reinar uma grande paz.
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