“Jesus
estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com Ele”(Lc 9,18). Estavam
distantes do povo. Por que rezava? Ele tinha um permanente contato amoroso com
o Pai. Em seus momentos difíceis, dividia suas decisões com o Ele. Jesus se
encontra no meio de sua vida apostólica e vê o desconhecimento de sua missão.
Pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?” (18). Com esta pergunta Jesus pode medir o
pensamento do povo a seu respeito: “Uns dizem que és João Batista; Outros,
Elias; outros, algum antigo profeta que ressuscitou (19). Havia uma tradição que Elias
voltaria. Havia uma expectativa sobre o futuro Messias que não condizia com o Messias
que Jesus apresentava. É um desconhecimento absurdo depois de tanto tempo de
anúncio do Reino. As profecias falavam dele. Pensam que Ele é mais um que surge.
Jesus pergunta: ‘“E vós, quem dizeis que Eu sou?’ Pedro respondeu: ‘O Cristo de
Deus!”’(20). A
palavra grega Cristo é Messias em hebraico. A resposta de Pedro é suficiente
para Jesus continuar seu caminho, pois ela é a pedra de fundamento da Igreja. Por
que fazer silêncio sobre sua identidade de Messias? Para que não confundissem
sua missão com todos os disparates que falavam dele. Então Jesus mostra o
futuro do Messias: sofrer muito, ser rejeitado ser morto e ressuscitar no
terceiro dia (21).
Isto não é para ficar escondido, é para ser vivido também pelo discípulo. Ele
explica o que significa seguir Messias: Pegar a cruz, perder a vida, perder-se
a si mesmo, como Ele o fez. Neste texto podemos notar a presença dos
discípulos, não só como aqueles que seguem Jesus, mas como parte mesmo do
anúncio do Reino. Nós temos que ter consciência e conhecimento da importância
da cruz no caminho de Jesus e no seu seguimento. Somente na extrema perda que
encontramos a vida plena.
Revestir-se
de Cristo.
O
profeta Zacarias profetiza depois de um tempo de grande desolação para a cidade
por causa da destruição de 587 a.C. Deus ouve o clamor do povo e purifica-o,
derramando sobre a cidade um espírito de graça e oração... e uma fonte acessível ... para purificação (Zc 12,10.13,1). Esta
profecia se realiza em Cristo, traspassado pela lança. De seu lado sai sangue e
água para a purificação. Jesus é a fonte aberta. Nós temos acesso a esta fonte
pelo Batismo no qual somos purificados e revestidos de Cristo, como filho de
Deus pela fé. Esta fonte está aberta para o mundo. S. Paulo conclui a
demonstração, recordando que se os fiéis são propriedade de Cristo, então, segundo
a promessa divina são o verdadeiro Israel, a verdadeira descendência de Abraão,
herdeiros da divina herança prometida.
Seguimento
de Jesus
As palavras de Jesus são o caminho para o discípulo:
“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e
siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; e quem perder sua vida
por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,23).
Aqui está a diferença de Jesus que o põe em contradição com o mundo e, em
particular, às expectativas judaicas. O seguimento de Jesus exige rupturas,
como Ele rompeu com o esquema a seu redor. A vida cristã se funda neste modo de
seguir Jesus, que é o único que leva à fonte aberta. Tomar a cruz, não do
sofrimento, mas da entrega e renúncia para se salvar.
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