PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
amor tem precedência
É bonito ver um casal com um filho no colo. É
como uma fruta de uma árvore que amadurece e pode ser colhida quando é seu
tempo. Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica, Amoris Laetitia – Alegria do Amor, lembra questões da vida familiar
de um modo tão simples que parecem banais, quando na verdade, são fundamentais.
Ao refletir sobre a gestação e o crescimento dos folhos, tem uma importância
muito grande à presença do pai e da mãe para a formação da criança, inclusive no
espiritual. É missão a não ser delegada a outros. Não se trata da tradicional família, mas da família que transmite
valores e vida. A presença da mãe é necessária, sobretudo nos primeiros meses
de vida. “O enfraquecimento da presença materna, com suas qualidades femininas,
é um risco grave para nossa terra... o gênio feminino é indispensável para a
sociedade... uma sociedade sem mães, seria desumana porque elas sabem
testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação e a força
moral. As mães transmitem, muitas vezes, também sentido mais profundo da prática
religiosa” (AL 173-174).
Sintetizando as palavras do Papa podemos dizer que, como o mundo da criança é a
mãe, assim ela concebe como é o mundo e como enfrentá-lo. A mãe é, para ela o
retrato da mãe. O mundo consumista exigiu da mãe o trabalho para poder
sustentar a família. É uma necessidade, mas não uma solução. Em sociedades
menos consumistas poderemos desenvolver melhor a formação dos filhos. Não basta
dizer que a juventude tem tantos problemas. É necessário ver de onde surgem
esses problemas.
Meu
velho pai
É
tão bom redescobrir a figura do pai que fica um pouco distante pelas
circunstâncias da vida. É gostoso vê-lo já bem envelhecido e buscar nessa fonte
de vida as riquezas que oferece. Quando morei na Angola ouvia a expressão:
“Quando morre um idoso, queimou-se uma biblioteca”. Nessas culturas a figura do
idoso é muito importante e orientadora. O “Sekulu” = o mais velho - tem a
sabedoria. Pena que muitas dessas bibliotecas se queimam sem o uso necessário.
O Papa Francisco continua sua instrução: “A figura do pai ajuda a perceber os
limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o
mundo mais amplo e rico de desafio e pelo convite a esforçar-se a lutar” (AL 175). “A presença
clara e bem definida das duas figuras, masculina e feminina, cria o âmbito mais
adequado para o amadurecimento da criança” (id). A mãe cuida do ninho o pai estimula a voar.
A figura dos idosos abandonados é desoladora. Os problemas que possuem são uma
escola para se manifestar o amor.
Sociedade
sem pais
De um pai dominador e patrão, como
pudemos ver na sociedade tradicional, passou-se a outro extremo da ausência do
pai. O pai não está presente por motivos de trabalho e dos interesses pessoais.
“A presença paterna e sua autoridade são afetadas pelo tempo cada vez maior que
se dedica aos meios de comunicação e à tecnologia da distração. Além disso,
hoje, a autoridade é olhada com suspeita e os adultos são duramente postos em
discussão. Eles próprios abandonam as certezas, e por isso, não dão orientações
seguras e bem fundamentadas a seus filhos... isso prejudica o processo adequado
de amadurecimento pelo qual as crianças precisam passar e nega-lhes um amor
capaz de orientá-las e que as ajude a maturar” (AL 176). Não se negam os ganhos atuais,
lamentam-se as perdas.
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