PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Operários
do Reino
A
parábola explica como Deus age em seu Reino. Jesus nos ordenara: “Pedi ao Senhor da
messe que envie operários para sua messe” (Mt
9.37). Mas é o Pai que vai em busca dos operários. A parábola dos
trabalhadores quer nos mostrar que todos somos chamados a trabalhar em sua
plantação. Eu pude ver no Líbano um grupo de homens parados num lugar. O padre
do local disse-me que aquele grupo era como aqueles da parábola de Jesus,
esperando serem chamados. A parábola ensina-nos que esses operários do Reino
somos nós. Assumimos a responsabilidade de vivê-lo e anunciá-lo. Mateus chama
atenção dos cristãos judeus por não aceitarem os cristãos vindos do paganismo.
Murmuravam. Murmurar contra Deus é o pecado de Israel no deserto, sempre
descontente com o que Deus faz. Os operários do Reino não trabalham para a
recompensa da justiça humana, mas da bondade divina. Não podemos deixar nos
dominar pelo “olho mau do coração de onde procedem as maldades (Mc 7,21-22). O pagamento é feito com a moeda
denário. Uma das faces é uma imagem. Simboliza a necessidade de fazer da vida a
imagem de Deus. São Paulo é o exemplo do operário que faz de Cristo a vida.
Generosidade
de Deus
A parábola tem um cunho de
estranheza ao relatar que o dono da messe passa diversas horas do dia, buscando
trabalhadores. Combina o preço com os primeiros, e depois paga o mesmo salário a
todos, mesmo dos que trabalharam uma só hora. Os que trabalharam o dia inteiro
reclamaram dessa atitude por julgarem-na injusta, e murmuram contra ele dizendo:
“Estes trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor o dia inteiro” (Mt 20,11).
O modo de agir de Deus parte de sua bondade. Isaias diz: “Meus pensamentos não
são vossos pensamentos” (Is 55,8-9). A
expressão “os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt,20.16) é também estranha. Deus não
privilegia os maus, mas acolhe quem aceita o Reino assim que é proposto. A
aceitação da fé não se mede por tempo, mas pela aceitação de Deus que se dá a
todos. Os pecadores e prostitutas vos precederão no Reino, pois acolheram logo (Mt 21,32). Deus faz justiça aos nossos méritos,
mas nos ama mais que merecemos. Não fazemos por merecer, mas para amar. Não
fazemos negócios com Deus. Acolhemos sua generosa bondade. É comum ouvir as
pessoas murmurarem que fizeram tanto e não foram atendidas em sua oração ou que
com elas aconteceu algo que não mereciam. Não cobramos nada de Deus, fizemos o
que devíamos ter feito (Lc 17,10). Será
que tudo o que recebemos de Deus o que lhe fazemos? Fazemos coisas boas para
Deus. De repente aparecem outros assumindo responsabilidades na comunidade.
Isso gera muito ciúme ou bloqueio da atividade, sob pretexto: nos já estamos
aqui há tempo.
Para
mim, viver é Cristo
O serviço dos irmãos é tão importante que, por ele,
podemos retardar nossa alegria de estar com Cristo na glória celeste, aliás,
para quem Cristo é glória, servir é vitória. Servir já é ser possuído por
Cristo e ser manifestação de sua glória. Isto é: “viver à altura do Evangelho
de Cristo” (Fl 1,27). São
Paulo uniu sua vida à vida de Cristo. Viver em Cristo é o Paraíso na terra.
Assim, nossos pensamentos e caminhos serão os de Deus (Is 55,8-9).
Viver em Cristo é a justiça de Deus, pois tanto vale um dia sob o peso do
cansaço e do calor, como um instante, trabalhando apenas uma hora (Mt 20,11).
Cristo é nosso salário, não em migalhas, mas em totalidade.
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