quarta-feira, 9 de março de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Vivei à altura do Evangelho de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Operários do Reino
            A parábola explica como Deus age em seu Reino. Jesus nos ordenara: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários para sua messe” (Mt 9.37). Mas é o Pai que vai em busca dos operários. A parábola dos trabalhadores quer nos mostrar que todos somos chamados a trabalhar em sua plantação. Eu pude ver no Líbano um grupo de homens parados num lugar. O padre do local disse-me que aquele grupo era como aqueles da parábola de Jesus, esperando serem chamados. A parábola ensina-nos que esses operários do Reino somos nós. Assumimos a responsabilidade de vivê-lo e anunciá-lo. Mateus chama atenção dos cristãos judeus por não aceitarem os cristãos vindos do paganismo. Murmuravam. Murmurar contra Deus é o pecado de Israel no deserto, sempre descontente com o que Deus faz. Os operários do Reino não trabalham para a recompensa da justiça humana, mas da bondade divina. Não podemos deixar nos dominar pelo “olho mau do coração de onde procedem as maldades (Mc 7,21-22). O pagamento é feito com a moeda denário. Uma das faces é uma imagem. Simboliza a necessidade de fazer da vida a imagem de Deus. São Paulo é o exemplo do operário que faz de Cristo a vida.
Generosidade de Deus
            A parábola tem um cunho de estranheza ao relatar que o dono da messe passa diversas horas do dia, buscando trabalhadores. Combina o preço com os primeiros, e depois paga o mesmo salário a todos, mesmo dos que trabalharam uma só hora. Os que trabalharam o dia inteiro reclamaram dessa atitude por julgarem-na injusta, e murmuram contra ele dizendo: “Estes trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro” (Mt 20,11). O modo de agir de Deus parte de sua bondade. Isaias diz: “Meus pensamentos não são vossos pensamentos” (Is 55,8-9). A expressão “os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt,20.16) é também estranha. Deus não privilegia os maus, mas acolhe quem aceita o Reino assim que é proposto. A aceitação da fé não se mede por tempo, mas pela aceitação de Deus que se dá a todos. Os pecadores e prostitutas vos precederão no Reino, pois acolheram logo (Mt 21,32). Deus faz justiça aos nossos méritos, mas nos ama mais que merecemos. Não fazemos por merecer, mas para amar. Não fazemos negócios com Deus. Acolhemos sua generosa bondade. É comum ouvir as pessoas murmurarem que fizeram tanto e não foram atendidas em sua oração ou que com elas aconteceu algo que não mereciam. Não cobramos nada de Deus, fizemos o que devíamos ter feito (Lc 17,10). Será que tudo o que recebemos de Deus o que lhe fazemos? Fazemos coisas boas para Deus. De repente aparecem outros assumindo responsabilidades na comunidade. Isso gera muito ciúme ou bloqueio da atividade, sob pretexto: nos já estamos aqui há tempo.
Para mim, viver é Cristo
O serviço dos irmãos é tão importante que, por ele, podemos retardar nossa alegria de estar com Cristo na glória celeste, aliás, para quem Cristo é glória, servir é vitória. Servir já é ser possuído por Cristo e ser manifestação de sua glória. Isto é: “viver à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27). São Paulo uniu sua vida à vida de Cristo. Viver em Cristo é o Paraíso na terra. Assim, nossos pensamentos e caminhos serão os de Deus (Is 55,8-9). Viver em Cristo é a justiça de Deus, pois tanto vale um dia sob o peso do cansaço e do calor, como um instante, trabalhando apenas uma hora (Mt 20,11). Cristo é nosso salário, não em migalhas, mas em totalidade.

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