Há,
em nós, o desejo de conhecer o futuro. Videntes,e leitores de cartas e linhas
da mão e até mesmo alguns “devotos” se metem a profetizar o futuro. Saber
discernir é um dom do Espírito de Deus. “Na medida em que nos deixarmos guiar por
Ele e O servirmos de coração puro, aprendemos a distinguir aquilo que procede
de Deus e a Ele conduz, aquilo que é do Reino e aquilo que pode tornar-se uma
pedra de tropeço” (Pe. Häring). Temos cientistas sérios mas incapazes de
encontrar Deus nos tesouros da vida. Analisam sem a sabedoria de discernir os
caminhos que levam para Deus. Quem é de Deus, conhece as obras de Deus. Houve
tempo no qual as pessoas de posição, cientistas, intelectuais e outros, tinham
por muito “chic” não crer em Deus. Diziam que era coisa de gente ignorante. Não
basta ser culto. É preciso ser sábio. Só a sabedoria pode mostrar ao homem sua
dimensão maior. Tenho uma amiga, doutora em filosofia, professora de uma grande
universidade. Professores estranham que ela, sendo tão culta, seja “devota”,
reze, participe da Igreja. Perguntemo-nos: O que colocam no coração dos jovens?
Sabemos também que a faculdade muitas vezes é o túmulo da fé dos jovens. Começam
a sepultar Deus já no segundo grau, quando professores de conhecimentos frágeis
não são capazes de analisar a história com discernimento. E mesmo os pregadores,
nem sempre têm uma experiência de Deus suficiente para infundir nas crianças e
jovens, o sentido da vida. Assim não saberão conhecer Deus nas linhas da vida. Mas
se se abrem ao Espírito de Deus serão homens e mulheres que darão rumos a um
mundo melhor. Discernir as obras de Deus é sabedoria.
591.
Discernir as pessoas e o mundo
O Espírito Santo dá o dom do discernimento para que conheçamos a
realidade do mundo. Ele nos ensina a perscrutar o presente. A crítica sobre a
realidade não é só “meter a língua”, mas saber distinguir. S. Paulo nos diz que
“tudo é permitido, mas nem tudo é proveitoso” (1Cor
10,23). Num tempo de questões difíceis que tocam o núcleo da sociedade e
da pessoa, é preciso sabedoria para discernir o que é bom e o que não é bom para
nosso mundo. As Igrejas carecem muito deste dom, pois promovem uma vida cristã
que não responde aos clamores do povo sofrido. Não bastam aleluias para que
Deus seja servido. Se não tenho o amor que discerne, sou como um “sino que
bate” (1Cor 1,13,1). Acho interessante que
pouco imitamos o modo como Jesus afrontou a realidade de seu mundo. Voltamos a
agir como agiam seus inimigos. As Igrejas não discernem o mal do mundo e se
refugiam em fórmulas passadas. Não há discernimento sobre os meios de comunicação,
situações econômicas, sociais, políticas, ecológicas, medicinais etc... Assim,
o mal se desenvolve.
592.
Discernir a si mesmo
Eva e Adão, no Paraíso, deram o
passo inicial desta falta de discernimento. O que me agrada é o melhor, sem
saber discernir se é bom ou mau. O egoísmo é a raiz do mal. Há necessidade de
discernimento sobre si mesmo para examinar os caminhos que tomamos. Já Sócrates
dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Jesus diz: “Olha o cisco de teu olho” (Mt 7,3). Conhecemos nossos defeitos? Nossos
dons? Por isso não crescemos. Não podemos deixar que o veneno do egoísmo,
instilado “pela serpente”, cegue nossos corações. Com o discernimento os jovens
crescem, buscando também a sabedoria dos antigos. Com este mesmo discernimento
os adultos podem ser mais úteis por mais tempo, aprendendo da sabedoria dos
jovens. Não há choque de gerações. Há falta de olhar com os olhos de Deus. Com
o dom do discernimento podemos servir melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário