terça-feira, 7 de abril de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Fazei isto em memória de mim”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
241. Pedagogia de Jesus
            Jesus, além de poeta era pedagogo. Sua linguagem era de fácil compreensão, mesmo aos mais simples. As maiores verdades de Sua pregação e de Sua vida eram acessíveis. O povo se deliciava com Seus ensinamentos. Era humano e sabia lidar com as pessoas. Falava em parábolas que transmitiam profundos ensinamentos e eram de fácil memorização. Do mesmo modo, os sacramentos que deixou para continuarem Sua presença e missão, são feitos para pessoas, à altura de sua compreensão. Se não transmitem a verdade que ensinam, precisam ser revistos na sua aplicação. Nós entendemos os sacramentos a partir da encarnação de Jesus. Ele, para vir a nós, assumiu nosso jeito de ser humano. Assumiu os usos humanos para compreendermos Sua vida, missão e mensagem. A Eucaristia é, entre todos, o maior símbolo da vida cristã deixado por Jesus (lembremos que símbolo implica a realidade, não é só uma lembrança ou explicação). Ela é o símbolo de maior densidade humana. Para a realização desse símbolo Jesus assume a refeição. Esta era de grandíssima importância para a cultura oriental. Não era um simples self-service, ou lanchinho feito, em pé, às pressas. É uma refeição fraterna onde os convivas realizam a grande unidade entre si. Comem o mesmo alimento, vivem a mesma vida. Jesus, sendo quem convida, vive Sua vida com Seus hóspedes. Assume o partir o pão e distribuir o vinho como gesto simbólico da vida que Ele dá na Paixão e retoma na ressurreição. Manda fazer em sua memória a ceia e ao mesmo tempo o Seu gesto de dar a vida. Esta refeição se une à Cruz. Participamos de Seu sacrifício que é de comunhão. Participando, realiza-se em nós a redenção. Ele diz “Quem come deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51). Atraídos pelo alimento e pelo amor fraterno vivemos a redenção. A pedagogia de Jesus, para nos atrair e nos conduzir, responde ao nosso modo de ser, às nossas capacidades e necessidade. Ao escolher tanto a fraternidade como o alimento, dá-nos o caminho a seguir. Assim temos a base e o ponto de partida e orientação para a espiritualidade eucarística.
242. Proposta de vida
            A eucaristia não é só um ato de piedade ou devoção. É vida. “Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo, 6,54). No símbolo do pão e do vinho realizamos a união a Cristo em Sua vida, morte e ressurreição. Temos Sua vida em nós. “O que come minha carne viverá por mim” (Jo 6.57). A intimidade vivida pela ceia eucarística é símbolo da intimidade com Cristo, nosso hospedeiro. O mesmo acontece com a intimidade entre os comensais. Quando a missa voltará a ser isso? Claro que, mesmo que não tenhamos perfeição na apresentação da missa, não deixa de produzir o resultado, pois Deus é que age, acolhendo nossa fragilidade. Lentamente vamos melhorando nossa parte.
243. Piedade Eucarística
            Fazei isto em memória de mim. Jesus manda repetir o que Ele fez. Não só repetir um gesto litúrgico com ritos culturais, como a ceia, mas a repetição memorial do seu gesto vital que é sua entrega na cruz - como pão partido e repartido, a vida também deve ser repartida. Sair de si, dar-se como dom é repartir os dons que temos. Por isso, em uma comunidade onde há sofrimento, fome, falta de todos os bens, aí certamente a missa está sendo mal celebrada. Vivendo a espiritualidade da Eucaristia, podemos melhorar o mundo.

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