Jesus, além
de poeta era pedagogo. Sua linguagem era de fácil compreensão, mesmo aos mais
simples. As maiores verdades de Sua pregação e de Sua vida eram acessíveis. O
povo se deliciava com Seus ensinamentos. Era humano e sabia lidar com as
pessoas. Falava em parábolas que transmitiam profundos ensinamentos e eram de
fácil memorização. Do mesmo modo, os sacramentos que deixou para continuarem Sua
presença e missão, são feitos para pessoas, à altura de sua compreensão. Se não
transmitem a verdade que ensinam, precisam ser revistos na sua aplicação. Nós
entendemos os sacramentos a partir da encarnação de Jesus. Ele, para vir a nós,
assumiu nosso jeito de ser humano. Assumiu os usos humanos para compreendermos
Sua vida, missão e mensagem. A Eucaristia é, entre todos, o maior símbolo da
vida cristã deixado por Jesus (lembremos que símbolo implica a realidade, não é
só uma lembrança ou explicação). Ela é o símbolo de maior densidade humana.
Para a realização desse símbolo Jesus assume a refeição. Esta era de
grandíssima importância para a cultura oriental. Não era um simples
self-service, ou lanchinho feito, em pé, às pressas. É uma refeição fraterna
onde os convivas realizam a grande unidade entre si. Comem o mesmo alimento,
vivem a mesma vida. Jesus, sendo quem convida, vive Sua vida com Seus hóspedes.
Assume o partir o pão e distribuir o vinho como gesto simbólico da vida que Ele
dá na Paixão e retoma na ressurreição. Manda fazer em sua memória a ceia e ao
mesmo tempo o Seu gesto de dar a vida. Esta refeição se une à Cruz.
Participamos de Seu sacrifício que é de comunhão. Participando, realiza-se em
nós a redenção. Ele diz “Quem come deste pão viverá eternamente. O pão que eu
darei é minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51). Atraídos pelo alimento e
pelo amor fraterno vivemos a redenção. A pedagogia de Jesus, para nos atrair e
nos conduzir, responde ao nosso modo de ser, às nossas capacidades e necessidade.
Ao escolher tanto a fraternidade como o alimento, dá-nos o caminho a seguir.
Assim temos a base e o ponto de partida e orientação para a espiritualidade
eucarística.
242. Proposta de vida
A eucaristia não é só um
ato de piedade ou devoção. É vida. “Quem come minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo, 6,54). No símbolo do
pão e do vinho realizamos a união a Cristo em Sua vida, morte e ressurreição.
Temos Sua vida em nós. “O que come minha carne viverá por mim” (Jo 6.57). A
intimidade vivida pela ceia eucarística é símbolo da intimidade com Cristo,
nosso hospedeiro. O mesmo acontece com a intimidade entre os comensais. Quando
a missa voltará a ser isso? Claro que, mesmo que não tenhamos perfeição na
apresentação da missa, não deixa de produzir o resultado, pois Deus é que age,
acolhendo nossa fragilidade. Lentamente vamos melhorando nossa parte.
243. Piedade Eucarística
Fazei isto em memória de
mim. Jesus manda repetir o que Ele fez. Não só repetir um gesto litúrgico com
ritos culturais, como a ceia, mas a repetição memorial do seu gesto vital que é
sua entrega na cruz - como pão partido e repartido, a vida também deve ser
repartida. Sair de si, dar-se como dom é repartir os dons que temos. Por isso,
em uma comunidade onde há sofrimento, fome, falta de todos os bens, aí
certamente a missa está sendo mal celebrada. Vivendo a espiritualidade da
Eucaristia, podemos melhorar o mundo.
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