terça-feira, 12 de janeiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Meus olhos viram a salvação”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Celebramos neste domingo a festa da Apresentação do Senhor
. Maria, cumprindo a lei, deve-se submeter à lei da purificação pós-parto segundo Levítico 12,2-4. O primogênito deveria ser apresentado ao Senhor, pois lhe pertencia (Ex.13,2) e ser resgatado por uma oferta, no caso de Maria e José, a oferta dos pobres: duas pombinhas (Lc 2,24). Maria e José levam o Menino ao templo e cumprem as obrigações como todo povo fazia. Era um menino a mais. Ali se cumpria uma grande profecia: Quando os judeus voltaram do exílio, reconstruíram o templo de Salomão. Mas a reconstrução não era tão bela. Os antigos choravam por ver como era pobre o novo templo (Esdras 3,12). O profeta Ageu, presente neste fato, profetiza: “eu encherei este templo de glória”, diz o Senhor(Ageu 2,7). Neste templo, embelezado por Herodes, Cristo entrou como menino e nele tantas vêzes foi rezar ao Pai junto com seu povo. Malaquias, na primeira leitura, profetiza que “Ele vem a seu templo para purificar” (Ml 3,1). 
A festa tem uma característica bonita: a luz: Simeão diz que o Menino é “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Temos neste dia a procissão com as velas acesas lembrando que vamos ao seu encontro com nossas luzes, a Ele que é a verdadeira Luz. Esta procissão tem origem numa celebração romana pagã e devassa onde pagavam promessas aos deuses com tochas acesas porque corriam na noite, no frio e tomavam vinho para se aquecer. A verdadeira luz à qual vamos ao encontro é Jesus. Somente quando a Luz que é Jesus penetrar todos os recantos do mundo, é que teremos a verdadeira paz. Ele conhece nossa realidade pois, como se escreve na carta aos Hebreus, “sofreu nossos sofrimentos ao ser tentado por isso é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (Hb 2,18). Ele pode ser nossa luz. 
Esta festa é muito querida pela Igreja. O povo gosta de vir benzer suas velas. Contudo, há elementos que ficam de lado: o sentido de consagração que Jesus tem de si ao Pai. Pertence ao Pai porque é o primogênito e teve uma vida completamente voltada para a vontade salvadora do Pai em obediência filial e amorosa. Esta consagração é também nosso modo de viver nossa fé: pertencemos ao Pai e participamos do amor que Jesus tem por Ele. Outro elemento bonito é o amadurecimento na fé. Simeão, velho, vivera da fé. Na velhice é capaz de discernir a voz do Espírito Santo no meio do burburinho da vida. O mesmo acontece com Ana que aos 84, como nossas vovós e mães que durante longa vida carregam o terço nas mãos e estão sempre presentes na Igreja. E são até chamadas de bens imóveis. Na verdade são uns tesouros, como Simeão e Ana. A grande proposta cristão é envelhecer em Deus, curtidos pelo Espírito Santo. Esta é a velhice que esperamos para nós. São árvores de cerne. Isso se consegue se se tem Jesus como luz da vida. Conheci uma senhora, Jaqueline Lang. Aos 90 anos trabalhava na fundação de grupos de jovens. É um movimento francês. Ela me dizia: “Eu sinto a ternura do Espírito Santo”. Assim podemos rezar todos os dias: “deixai vosso servo ir em paz, porque meus olhos viram a salvação que preparastes para todos os povos. Luz para iluminar as nações” (Lc 2,30-32).
Homilia da Festa da Apresentação do Senhor 
EM FEVEREIRO DE 2003

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