Preparai os
caminhos do Senhor
O
evangelista Lucas, ao narrar um fato importante, localiza-o na história. Com
isso deixa claro que as ações de Deus acontecem em um tempo determinado. Tudo
em nossa vida está unido ao tempo de Deus. É a história de Deus na história dos
homens. E usa a linguagem dos profetas, como é o caso de João que foi ao
deserto para o encontro com Deus. Não foi para ser profeta. Em seus caminhos de
fidelidade encontrou a fidelidade prometida por Deus (Sl
145).
Por isso lhe foi possível identificar a missão que lhe confiava. Quando nos
damos a Ele, também identificamos nossa missão e razão de ser. Os tempos de
Deus incidem sobre nossas vidas que estão sempre abertas esperando sua vinda. Jesus
diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Jesus é o caminho.
Tanto caminho de Deus para nós quanto o caminho que parte de nós para Deus. Por
isso, a chamada de João é muito atual. Deus continua vindo ao seu povo. A
oração da missa nos ensina a pedir: “Que nenhuma atividade terrena nos impeça
de correr ao encontro de vosso Filho”. Por isso vem a ordem de Deus: “Preparai
os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas... E todas as pessoas verão a
salvação de Deus” (Lc 3,4.6). Vemos claramente no salmo 125 a
alegria dos que retornavam do exílio. Parecia um sonho. A busca de Deus que
João fez no deserto lhe ensinou a preparar os caminhos para a vinda de Cristo.
Não se refere somente ao Natal, ou à sua vinda no fim dos tempos, mas a contínua
vinda de Deus oferecendo-nos a salvação. Quando culminamos o caminho de Deus com
a nossa busca, ele se plenifica em nós.
As maravilhas se
repetem
O caminho
aplainado, os montes abaixados e os caminhos tortuosos endireitados, texto
tirado do profeta Baruc (Br 5,1-9), preparam a
volta do povo do exilado. Esse grandioso feito de Deus pelo povo continua a
grandeza da libertação do Egito. Agora não mais num deserto mortífero, mas na beleza
da restauração. Tudo é obra do amor de Deus: “Deus guiará Israel, com alegria,
à luz de sua glória, manifestando a misericórdia e a justiça que Dele procedem”
(Br
5,9).
A vinda de João Batista convoca à conversão com atitudes. O mal que praticamos
se compara ao exílio. O caminho de volta
que aumenta a alegria é a conversão. Na perspectiva de fim dos tempos e também
da vinda do Senhor no Natal, exige conversão. Sem isso tudo se torna uma
fantasia. Perder o sentido Divino da vinda de Cristo, tanto no Natal como no fim
dos tempos, é continuar um exílio, mesmo tendo o que nos agrada provisoriamente.
Assim os judeus diziam que eram melhores as panelas de cebola do Egito que a
liberdade (Nm 11,5).
A conversão leva à riquezas e a dons maiores. Como cristãos, não podemos
nos fixar somente numa piedade intimista. Temos a missão de preparar o mundo
para a vinda do Senhor.
Ministério da
ternura
Paulo une a evangelização aos
sentimentos de ternura, de saudade e de amor compartilhado. Evangelizamos a
pessoa inteira, mas evangelizamos como pessoa completa. O ministério da ternura
é o veículo mais forte para a evangelização. Lemos: “Moisés era um homem muito
paciente e o mais humilde dos homens de sua época” (Nm
12,3).
Jesus disse: “Eu sou manso e humilde de coração” (Mt
11,29).
A própria palavra graça de Deus está ligada ao gesto de Deus que se abaixa para
abraçar e reerguer. Quanta agressividade e grosseria nós encontramos nas
comunidades e, em nome de Deus! O próprio João tem a humildade de dizer: “Que Ele
cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Isso vale para
nós.
Leituras:
Baruc 5,1-9; Salmo 125; Filipenses 1,4-6.8-11; Lucas 3,1-6.
1. Deus continua vindo a seu povo como
sempre veio.
2. Preparamos os caminhos do Senhor através
de um processo de conversão integral.
3. A ternura faz parte da evangelização e
da preparação para a vinda do Senhor.
Trator do Pai
Quando
lemos os textos sobre João Batista, temos a impressão de um tipo
espiritualmente violento que era duro e corajoso em sua penitência e em sua
pregação. João não era profeta até o momento que Deus o chamou. Era homem justo
que procurava os caminhos de Deus. Nesse caminho encontrou o chamado de Deus
para a conversão do povo e a preparação da vinda do Senhor. Sua pregação era
forte. Era um trator espiritual que limpava, endireitava, construía.
A conversão exige que
saiamos de nosso mundo e encontremos o rico e exuberante Reino de Deus. E Paulo
ainda vai mais longe cheio da ternura e da bondade.https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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