PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
01“Permanecei firmes”
Não vos preocupeis
Depois de ensinar os discípulos no caminho para Jerusalém, Jesus dedica-se ao chamado discurso escatológico, isto é, trata das questões do fim dos tempos, referindo-se à destruição de Jerusalém e sua vinda. E adianta: as vítimas mais procuradas serão os discípulos. Primeiramente demonstra a situação da destruição do templo do qual não ficará pedra sobre pedra. Como os sinais se voltam sempre para a vinda do Messias no fim dos tempos, os discípulos perguntam pelo tempo de sua vinda. O tempo é de Deus. Nesse período aparecerão muitos falsos profetas que pretenderão ser o Messias, isto é, a resposta para tudo. Sempre há gente querendo se passar por mestre de todas as coisas e enganam o povo. Anuncia tempos difíceis de guerras e revoluções e desastres da natureza. Mesmo com o pavor que provocarão, Jesus insiste que não devem ficar apavorados. Tudo isso deve acontecer. E tem acontecido sempre. Quando alguém diz que o tempo chegou, é preciso não ter medo, pois os tempos de Deus são outros. Sempre aconteceram esses sinais pavorosos e essas intermináveis guerras, e o fim não chegou. É sinal que devemos entender no sentido figurado, isto é, no gênero literário apocalíptico que tem um sentido mais amplo. A bíblia tem muitos modos de dizer as verdades. Se não entendermos o gênero literário, isto é, a linguagem, podemos aprender e ensinar coisas erradas. Isso é fundamentalismo tão ruim quanto à negação da verdade.
Ocasião para testemunhar a fé
Juntamente com os sinais pavorosos da natureza, Jesus alerta sobre a perseguição aos discípulos; “Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos… por causa de meu nome” (Lc 21,12). A perseguição aos discípulos é continuação da perseguição e da recusa sofridas por Jesus. Simeão profetizara: “Este Menino será sinal de contradição” (Lc 2,34). Disse ainda no caminho para o Calvário: “Se assim fazem com o lenho verde, o que não farão ao seco?” (Lc 23,31). A perseguição é uma constante na Igreja durante todos os séculos, principalmente agora. Devemos reconhecer que não se persegue ao discípulo. Mas o Mal que atingir o Mestre na pessoa dos discípulos. Jesus garante a força e a resistência: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo de vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21.18-19). Não está excluído que poderemos ser mortos, mas temos a recompensa da Vida. E “Será ocasião em que testemunhareis a vossa fé” (Lc 21,13). Somos chamados pelo salmo a esperar alegremente. Acolher a vinda do Senhor (Sl 97). O profeta Malaquias garante que depois de toda a conturbação no Dia do Senhor, não há destruição para o discípulo: “Para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo a salvação em suas asas” (Ml 3,20ª).
Transformar o mundo
A esta espera no meio de tanta dificuldade, Paulo nos dá um conselho muito prático. Como não sabemos quando o Senhor virá, não podemos fazer a opção pela preguiça e desocupação. Ele mesmo dá o exemplo não sendo pesado para a comunidade e suprindo suas necessidades com o trabalho com esforço e cansaço dia e noite para não ser pesado a ninguém… em nome de Jesus Cristo ordenamos a que, trabalhando, comam na tranqüilidade o seu próprio pão” (2Ts 3,8ss). Desse modo, a vinda do Senhor não é um terror, mas a construção de uma vida tranqüila, segura e frutuosa na expectativa. Não basta a fé, é preciso a caridade operosa” (). A fé sem obras é morta.
Leituras:Malaquias 3,19-20;Salmo 97; 2 Tessalonicenses 3,17-12; Lucas 21,5-19
- Jesus instrui os discípulos sobre a destruição do templo e indica e alerta sobre os terrores e sua perseguição. Usa a linguagem apocalíptica, comum no tempo.
- A perseguição a Jesus continua na pessoa do discípulo. A resposta do discípulo é manter-se firme.
- Paulo aconselha a ocupar-se com o trabalho pelo próprio alimento. A vinda do Senhor não é para o terror, mas para a construção de uma vida frutuosa na caridade.
Escapando do bombardeio
No final do Ano Litúrgico e no início do Advento temos a proclamação de uma das maiores verdades da fé como rezamos no “Creio”: “Subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. A manifestação de Deus teve seu início e tem sua consumação. Antes do fim, os que acolheram Cristo passaram pelos sofrimentos de sua Paixão. Deus não quer o sofrimento pela fé, mas, que fiquemos firmes: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19).
O profeta Malaquias profetiza a vinda do Senhor como um fogo que queima os maus. Mas, para os que têm a Deus nascerá o sol da justiça” (Ml 3,20ª). O Salmo interpreta esse texto como uma grande aclamação ao Senhor que vem. Não é para ter medo do Juiz, pois Ele vem premiar os que viveram na justiça. Não é condenação.
Será o nosso momento de alegria, não de temor.
Os discípulos estavam encantados com a beleza do templo. Jesus então diz que o futuro vai ser duro. O templo será destruído. Ele era o encanto do povo e a casa de Deus. Jesus também o amava muito, pois era a casa do seu Pai. Jesus começou então a dizer o que iria acontecer: muitos vão querer enganar com outras doutrinas e revelações. Vejamos quanta gente apareceu ao longo da história querendo mostrar um caminho diferente para a salvação.
Pior ainda: Jesus anuncia guerras, revolução, terremotos e tantas desgraças. Ajunta ainda a perseguição aos fiéis e uma matança por causa da fé. Vivemos hoje uma grande perseguição contra os católicos. Até dentro de nossas casas. Nas famílias onde há gente de outra religião, é um inferno para os familiares. Já não é mais religião.
É o momento de testemunhar a fé, pois é uma pregação muito forte, quando é feita com própria vida. Onde é grande a perseguição, surge depois uma grande conversão. Os antigos já diziam: “sangue dos mártires, semente de cristãos”. Vendo a sua fé, enxergam o caminho.
E o Senhor promete proteção: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo de vossa cabeça” (Id 18).
Sendo parte de nossa fé, viver na expectativa e na esperança, purificamos nosso modo de viver e fortalecemos a Igreja.
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