PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Responsabilidade
de todos
Jesus inaugurou entre nós o Reino de
Deus. Os que aceitaram sua Pessoa e sua mensagem uniram-se em uma comunidade,
chamada Igreja, Corpo de Cristo. Estavam sempre unidos, como narra Lucas nos
Atos dos Apóstolos. Esta união realiza o desejo de Jesus: “Que eles sejam um
como Tu, ó Pai, estás em mim e Eu em Ti e eles estejam em nós, para que o mundo
creia que Tu me enviaste” (Jo 17, 21). A
Igreja é a união de todos em Cristo para tornar visível a presença do Reino e
anunciá-lo. Lemos hoje um trecho do 4º discurso de Mateus, sobre a Igreja. A
Igreja. Divina em sua origem, não perde a dimensão humana. E por ser humana,
está sujeita ao erro, ao pecado. Por isso o evangelista apresenta algumas
regras para a convivência na comunidade que vão até ao perdão com o coração. A
comunidade é organizada. Todos participam e são responsáveis pela vida, uns dos
outros. A santidade do Corpo depende de todos. A santidade começa pelo irmão. Por
isso, a Palavra de Deus indica o caminho da vida: “Se alguém pecar contra o
irmão, vai corrigí-lo a sós contigo” (Mt 18,15).
Não se trata somente de um ato de boa vontade, mas de um dever diante da vida
de Cristo em nós. Cada
um é colocado como profeta que vigia sobre a cidade de Deus. O profeta Ezequiel
explica que esta responsabilidade de admoestar e de avisar recai sobre cada um (Ez 33,7-9). E seremos culpados se não exercermos
esse dever. Jesus mostra o processo desta missão: primeiramente a sós,
discretamente, na caridade para com o outro. Se não ouvir, leve junto outro
irmão, como prescreve a Palavra de Deus (Dt 19,15).
Se nem assim ouvir, leve-o à comunidade. Se nem a essa ouvir, seja desligado. É
dado à Igreja o poder de ligar e de desligar da vida da comunidade. Nós fazemos
sempre o contrário, sem a caridade. Fazemos a fofoca e não a caridade. Por que
todo esse processo? Jesus explica: “Se ele te ouvir, ganhaste teu irmão” (Mt 18,15). Interessa a salvação de cada irmão.
Amor
de comunhão
A correção fraterna salva a unidade do Corpo de Cristo, pois é obra do
amor, e cria espaço para a oração. Quem sabe, a ineficácia de nossa oração venha
da má vontade de estar unido. A comunhão de amor garante o resultado da oração.
Jesus ensina: “Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa
que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus” (Mt 18,19). Por isso Paulo insiste: “Os
mandamentos ... se resumem neste: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. O
amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm
13,9-10) . Amor é o resumo da lei. A correção fraterna é instrumento da
expressão do amor de redenção que Cristo teve em sua entrega pela nossa
redenção. Como Ele exerceu a co-responsabilidade pela nossa redenção, nós a
continuamos procurando a salvação de nossos irmãos.
Presença de Jesus na comunidade.
Jesus
está presente na comunidade. Ele mesmo dissera: “Eu estarei convosco todos os
dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Esta presença não é só eucarística, mas a presença
no amor que os irmãos têm entre si. Disse também: “Onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, Eu estou aí, no meio deles” (Mt 18,20). A
presença de Cristo fortalece de tal modo a comunidade que suas atividades são
feitas sempre nEle. Toda a celebração é completa, pois tem sua presença. Quando
os fiéis se unem para qualquer atividade que seja amor, ali está Ele e, ali, se
constitui a Igreja. Ali nos dá seu Espírito e torna presente seu Reino. Ali se
exerce a correção fraterna para o bem de todo o Corpo de Cristo no irmão.
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