Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
Aprender
de sua Paixão
“Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas
alturas” (Lc 19,38).
O grito do povo não é só um desejo político de libertação é realização das
esperanças. Ao ser repreendido pelos chefes do povo, Jesus responde: “Se eles
se calarem, as pedras gritarão” (Id. 40). A entrada de Jesus em Jerusalém não é somente a
narrativa de um fato, mas um projeto que é colocado em ação. Deus visitou seu
povo. Ali estavam sendo realizadas as profecias e satisfeitas as esperanças. O
povo conhece os passos de Deus. Como celebração litúrgica, temos dois momentos:
O primeiro festivo com a procissão de ramos. E o outro, mais recolhido, com a
contemplação do Mistério da Paixão. Por isso lemos os textos do Servo sofredor
de Isaias (Is 50,4-7),
que é uma imagem de Jesus que sabe ouvir o que o Pai quer falar. Esse Messias é
também o Filho de Deus que assumiu a condição humana e se humilhou até à morte
e morte de Cruz. Por isso recebe do Pai a Ressurreição. No evangelho ouvimos a
narrativa da Paixão do Senhor. O Domingo de Ramos apresenta-se como uma síntese
do Mistério Pascal de Cristo: sofrimento que conduz à glorificação. O Cristo que
morre é o Ressuscitado. Tudo que acontecerá, conduz à Ressurreição. O
ensinamento de Isaias sobre o Servo Sofredor faz dele um discípulo fiel e que
está sempre aprendendo. A oração da Missa apresenta a humildade do Filho como
exemplo da humildade que devemos ter. Humildade de colocar-se a serviço para
que todos tenham vida. Fazendo como Jesus fez, chegamos também à glória.
Aprendendo de sua Paixão podemos ressuscitar com Ele em sua glória.
O
projeto de um rei pacífico
Ele é o rei pacífico que não vem tomar posse de um reino, mas por-se a
serviço de necessitados, pois o rei era encarregado de Deus para cuidar dos
pobres. Não entrou como um poderoso dominador, mas como Davi, respondendo à
profecia de Zacarias (9,9)
de um rei humilde. Tem consciência de sua missão e a apresenta com vigor. Sua
humildade se manifesta em sua Paixão. Passou por todas as humilhações. Em tudo se
entregou ao Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Sempre
conduzido pelo Espírito Santo sabia assumir até o extremo sua dedicação ao Pai.
Nem a glória da aclamação nem o extremo da paixão O desviaram de seu caminho. O
projeto desse rei pacífico é entregar-se totalmente ao Pai. Mesmo sentindo a
agonia da Paixão, como rezamos no salmo 21, e sentindo-se abandonado pelo Pai,
confia. Ao dizer “meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes” não deixa de nos
dar a lição da fragilidade quando tudo está mal. Podemos sentir dor e até
reclamar a Deus, mas é diferente sentir dor e perder o rumo por causa da dor.
Se Jesus reclama é porque confia no Pai. Não perde a direção da Glória do Pai.
Seguí-Lo
em sua Paixão
A
monição do celebrante no início da procissão de Ramos convida à participação:
“Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de
nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também
de sua ressurreição e de sua vida”. Há um aspecto exterior na celebração. É o
que fazemos. Há o aspecto interior, que é a graça que recebemos ao celebrar
essa memória que atualiza em nós o que realizou em Cristo. Com isso, passamos
por sua morte e vivemos a graça desse sacramento de salvação. O sofrimento O
fez compreensivo: “Ele me deu uma língua adestrada para que eu sabia dizer uma
palavra de conforto à pessoa abatida” (Is 50,4).
Leituras: Lucas 19,28-40; Isaias 50,4-7;
Salmo 21; Filipenses 2,6-11; Lucas 23,1-49
1. O
Domingo de Ramos é uma síntese que nos apresenta a vitória de Cristo e sua
morte. O povo o acolhe como a resposta a suas esperanças.
2. O
projeto de Jesus não é ganhar uma vitória, mas por-se a serviço. Veio na
humildade e passa humilhações. Vive ao extremo sua dedicação ao Pai e se
entrega em suas mãos.
3. A
celebração é um convite a participar para estar com Ele em sua Morte e em sua
Ressurreição.
Forte na fraqueza
Com o Domingo de Ramos Jesus inicia
o passo final de sua missão. Continua sua caminhada de humildade. Não recua
diante do sofrimento, mas também não esconde que sua missão é vencedora.
A
celebração tem dois momentos: Primeiro a gloriosa entrada na cidade. Antes de
morrer mostra sua condição de Rei e Senhor. Em segundo lugar temos a leitura de
sua dolorosa Paixão. Passa pela morte
para chegar à ressurreição.
Conhecemos
o Cristo sofredor que se humilha ao extremo para que não desanimemos quando
somos fracos. Em seu projeto de vida prefere o caminho da humildade, pois esse
garante a vida. Iniciamos a Semana Santa. Não podemos perder de vista a Páscoa.
O Rei glorioso é o Ressuscitado, o Cristo Sofredor é o Servo que assume os
pecados da humanidade.
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