domingo, 20 de março de 2016

Homilia do Domingo de Ramos (20.03.16)“Exemplo de humildade”


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
Aprender de sua Paixão
“Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas” (Lc 19,38). O grito do povo não é só um desejo político de libertação é realização das esperanças. Ao ser repreendido pelos chefes do povo, Jesus responde: “Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Id. 40). A entrada de Jesus em Jerusalém não é somente a narrativa de um fato, mas um projeto que é colocado em ação. Deus visitou seu povo. Ali estavam sendo realizadas as profecias e satisfeitas as esperanças. O povo conhece os passos de Deus. Como celebração litúrgica, temos dois momentos: O primeiro festivo com a procissão de ramos. E o outro, mais recolhido, com a contemplação do Mistério da Paixão. Por isso lemos os textos do Servo sofredor de Isaias (Is 50,4-7), que é uma imagem de Jesus que sabe ouvir o que o Pai quer falar. Esse Messias é também o Filho de Deus que assumiu a condição humana e se humilhou até à morte e morte de Cruz. Por isso recebe do Pai a Ressurreição. No evangelho ouvimos a narrativa da Paixão do Senhor. O Domingo de Ramos apresenta-se como uma síntese do Mistério Pascal de Cristo: sofrimento que conduz à glorificação. O Cristo que morre é o Ressuscitado. Tudo que acontecerá, conduz à Ressurreição. O ensinamento de Isaias sobre o Servo Sofredor faz dele um discípulo fiel e que está sempre aprendendo. A oração da Missa apresenta a humildade do Filho como exemplo da humildade que devemos ter. Humildade de colocar-se a serviço para que todos tenham vida. Fazendo como Jesus fez, chegamos também à glória. Aprendendo de sua Paixão podemos ressuscitar com Ele em sua glória. 
O projeto de um rei pacífico
Ele é o rei pacífico que não vem tomar posse de um reino, mas por-se a serviço de necessitados, pois o rei era encarregado de Deus para cuidar dos pobres. Não entrou como um poderoso dominador, mas como Davi, respondendo à profecia de Zacarias (9,9) de um rei humilde. Tem consciência de sua missão e a apresenta com vigor. Sua humildade se manifesta em sua Paixão. Passou por todas as humilhações. Em tudo se entregou ao Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Sempre conduzido pelo Espírito Santo sabia assumir até o extremo sua dedicação ao Pai. Nem a glória da aclamação nem o extremo da paixão O desviaram de seu caminho. O projeto desse rei pacífico é entregar-se totalmente ao Pai. Mesmo sentindo a agonia da Paixão, como rezamos no salmo 21, e sentindo-se abandonado pelo Pai, confia. Ao dizer “meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes” não deixa de nos dar a lição da fragilidade quando tudo está mal. Podemos sentir dor e até reclamar a Deus, mas é diferente sentir dor e perder o rumo por causa da dor. Se Jesus reclama é porque confia no Pai. Não perde a direção da Glória do Pai.    
Seguí-Lo em sua Paixão
            A monição do celebrante no início da procissão de Ramos convida à participação: “Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida”. Há um aspecto exterior na celebração. É o que fazemos. Há o aspecto interior, que é a graça que recebemos ao celebrar essa memória que atualiza em nós o que realizou em Cristo. Com isso, passamos por sua morte e vivemos a graça desse sacramento de salvação. O sofrimento O fez compreensivo: “Ele me deu uma língua adestrada para que eu sabia dizer uma palavra de conforto à pessoa abatida” (Is 50,4).
Leituras: Lucas 19,28-40; Isaias 50,4-7; Salmo 21; Filipenses 2,6-11; Lucas 23,1-49 
1.  O Domingo de Ramos é uma síntese que nos apresenta a vitória de Cristo e sua morte. O povo o acolhe como a resposta a suas esperanças. 
2.  O projeto de Jesus não é ganhar uma vitória, mas por-se a serviço. Veio na humildade e passa humilhações. Vive ao extremo sua dedicação ao Pai e se entrega em suas mãos. 
3.  A celebração é um convite a participar para estar com Ele em sua Morte e em sua Ressurreição. 
      Forte na fraqueza 
         Com o Domingo de Ramos Jesus inicia o passo final de sua missão. Continua sua caminhada de humildade. Não recua diante do sofrimento, mas também não esconde que sua missão é vencedora.
         A celebração tem dois momentos: Primeiro a gloriosa entrada na cidade. Antes de morrer mostra sua condição de Rei e Senhor. Em segundo lugar temos a leitura de sua dolorosa Paixão.  Passa pela morte para chegar à ressurreição.
         Conhecemos o Cristo sofredor que se humilha ao extremo para que não desanimemos quando somos fracos. Em seu projeto de vida prefere o caminho da humildade, pois esse garante a vida. Iniciamos a Semana Santa. Não podemos perder de vista a Páscoa. O Rei glorioso é o Ressuscitado, o Cristo Sofredor é o Servo que assume os pecados da humanidade.


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